RTP suspende Nuno Santos e abre processo disciplinar para o despedir

Conselho de administração comunicou na manhã desta sexta-feira ao ex-director a abertura do processo disciplinar.

Foto
Ex-director de Informação relaciona a abertura do processo com o facto de ter revelado no Parlamento ter sido alvo de "saneamento político" Enric Vives-Rubio

Em comunicado, Nuno Santos revela que foi informado da suspensão e do processo na manhã desta sexta-feira, pouco antes de ir à audição que tem marcada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em comunicado, Nuno Santos revela que foi informado da suspensão e do processo na manhã desta sexta-feira, pouco antes de ir à audição que tem marcada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

"Consumou-se o saneamento político!", diz o jornalista, acrescentando estar "impedido, sem razão, de trabalhar".

O ex-director conta que nos dias antes da sua audição na Comissão de Ética, na passada quarta-feira, foi "recebendo indicações de que era politicamente imperioso" que lhe fosse movido um processo disciplinar. E relaciona a abertura deste processo, uma semana depois de terem sido reveladas as conclusões do inquérito interno da RTP, precisamente com o facto de não se ter "calado".

"As declarações que prestei no Parlamento, ao abrigo da liberdade de expressão que pensava ser um direito conquistado em Portugal com a Revolução de Abril, foram o miserável pretexto para este processo", afirma ainda o ex-director de Informação, criticando mais este "capítulo" do que diz ser "a cortina de fumo que esconde as ramificações empresariais e políticas que se posicionam em campo numa fase em que se joga o futuro do serviço público de rádio e televisão". 

O presidente da RTP afirmou há uma semana que, apesar de o inquérito interno ter concluído que houve "uma deslealdade e uma falta processual" e que Nuno Santos foi o responsável pela autorização para a entrada da PSP na TV pública e visualização das imagens em bruto, a administração considerou que “não foi o suficiente para proceder a um processo disciplinar”.

Já Nuno Santos, na sua audição no Parlamento, considerou "estranho" que o caso seja "considerado de tão grande gravidade" que a administração alegue até eventual violação de princípios constitucionais, mas acabe por não ser suficiente "para um processo disciplinar".

Nuno Santos: esclarecimentos só mais tarde
Nuno Santos foi ouvido ao final da manhã desta sexta-feira na ERC, mas não quis fazer comentários à saída. "Vim à ERC falar apenas sobre este processo [de averiguações do regulador]".

Questionado sobre o anúncio da sua suspensão e do processo disciplinar, o ex-director de Informação remeteu para mais tarde outros esclarecimentos. "Eu não tenho - nem tenho que ter, obviamente - alguém que trate da minha comunicação. Eu sou o meu próprio Cunha Vaz [uma alusão ao facto de a comunicação da administração da RTP ser assegurada pelo consultor António Cunha Vaz]. Vou preparar uma comunicação com todos os dados relevantes. E admito que ainda possa ser feita hoje", prometeu. "Eu não tenho pressa", rematou.