Nuno Santos diz ter sido alvo de “saneamento político”
Jornalista afirma que se tornou "evidente que era uma pessoa non grata para o Governo"
Nuno Santos está a ser ouvido, esta quarta-feira, na Comissão de Ética e na sua declaração inicial realçou que este seu “saneamento político” ocorre num momento muito delicado da vida da RTP, quando se discute a privatização de parte da empresa, como ainda esta terça-feira o consultor do Governo António Borges defendeu.
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Nuno Santos está a ser ouvido, esta quarta-feira, na Comissão de Ética e na sua declaração inicial realçou que este seu “saneamento político” ocorre num momento muito delicado da vida da RTP, quando se discute a privatização de parte da empresa, como ainda esta terça-feira o consultor do Governo António Borges defendeu.
“O que temos em cima da mesa é um golpe de mão”, apontou o ex-director, que depois acrescentou: “A partir de um certo momento, tornou-se evidente que eu era uma pessoa non grata para o Governo. Porque deixava fazer informação contra o Governo? Não, apenas uma informação correcta e isenta.”
Nuno Santos deu vários exemplos de assuntos abordados “que causaram grande incómodo – o que é normal”, entre os quais se contam o caso do acompanhamento da licenciatura do ministro Miguel Relvas, que provocou “grande incómodo no Governo”. “Fizemos o que devíamos ter feito: tratámos com isenção.”
O ex-director garantiu não ter dado, “em nenhum momento, autorização nem expressa nem velada para o visionamento ou cópia das imagens”, contrariando as conclusões do inquérito interno que diz que foi Nuno Santos quem autorizou.
Aos deputados, Nuno Santos repetiu que não deu "em nenhum momento autorização nem expressa nem velada para o visionamento ou para a cópia das imagens". Contou que o pedido de acesso a imagens da RTP chegou por telefone "para a redacção, para uma produtora que se dirigiu, de forma informal, a um conjunto de pessoas da direcção de Informação que estavam na redacção. Disse que tinha um contacto da polícia que queria colaborar com a RTP no esclarecimento dos incidentes."
O então director diz que interpretou esse incidente como sendo aquele que uma jornalista e um repórter de imagem tinham sofrido quando o seu carro tinha sido abalroado pelos manifestantes no momento da carga policial - e não o conjunto dos confrontos ocorridos nesse dia junto ao Parlamento.
O jornalista afirmou que "nunca até ao momento tinha sido feito", na sua gestão como director de Informação, "nenhum contacto por parte da polícia" pedindo imagens.