Merkel parte à conquista do terceiro mandato com a CDU a seus pés
Congresso de Hanôver tem como principal objectivo mostrar unidade em torno da chanceler, o trunfo dos democratas-cristãos para as legislativas de 2013.
"É claro que vamos centrar a nossa campanha na chanceler. Seria estúpido não o fazer", disse à Reuters Peter Altmaier, ministro do Ambiente e dirigente da União Democrata Cristã (CDU), sublinhando que nenhum outro político alemão "goza de tanta confiança junto dos eleitores". Um outro responsável partidário confessou à revista Der Spiegel que a principal missão dos delegados ao congresso é "dar a Merkel uma ovação em pé de pelo menos sete minutos após o seu discurso".
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"É claro que vamos centrar a nossa campanha na chanceler. Seria estúpido não o fazer", disse à Reuters Peter Altmaier, ministro do Ambiente e dirigente da União Democrata Cristã (CDU), sublinhando que nenhum outro político alemão "goza de tanta confiança junto dos eleitores". Um outro responsável partidário confessou à revista Der Spiegel que a principal missão dos delegados ao congresso é "dar a Merkel uma ovação em pé de pelo menos sete minutos após o seu discurso".
A personalização é um elemento estranho à política alemã, onde as fidelidades se constroem em volta dos partidos. Mas após 12 anos de liderança, o nome de Merkel tem hoje mais peso junto dos eleitores do que a sigla da CDU, tendo sido capaz de resistir quase incólume aos sucessivos desaires dos democratas-cristãos nas eleições regionais. As sondagens indicam que dois em cada três alemães dão nota positiva à actuação da chanceler, enquanto Peer Steinbrück, o candidato dos sociais-democratas (SPD), não vai além dos 50%. As intenções de voto da CDU ficam-se também pelos 39%, dez pontos acima do SPD.
Criticada (por economistas e oposição) por adiar uma solução de fundo para a crise que arrasta a Grécia para a insolvência, e responsabilizada (pela opinião pública grega, portuguesa ou espanhola) pela dieta de austeridade imposta em troca dos resgates internacionais, Merkel recebe os aplausos dos eleitores pela forma como reagiu à crise do euro, evitando o seu colapso sem deixar de zelar pelos interesses alemães. Colhe também os louros por o país ter sido poupado, até agora, à recessão instalada no resto do continente.
"Este é o Governo mais bem-sucedido desde a reunificação", em 1990, disse recentemente a chanceler numa frase que promete tornar-se slogan da campanha para as legislativas de Setembro de 2013, em que tentará o seu terceiro mandato. "Temos hoje claramente menos pessoas desempregadas do que quando cheguei à chancelaria e isso tem a ver com políticas inteligentes", acrescentou em entrevista ao jornal Bild.
O fantasma da Grécia
Mas a reeleição de Merkel não é um dado adquirido e, tal como na crise do euro, a situação na Grécia é um dos factores que mais peso terão no desfecho das eleições. Se o país for incapaz de cumprir os seus compromissos, Berlim terá de aceitar o perdão de parte da dívida de Atenas para salvar a moeda única - decisão que Merkel é acusada de querer adiar para depois das eleições.
Há também sinais de arrefecimento da economia alemã, afectada pela recessão dos parceiros europeus. Segundo a Reuters, o PIB germânico deve contrair-se no último trimestre do ano e o desemprego está a subir há oito meses consecutivos.
A outra grande incógnita prende-se com o desempenho do Partido Liberal Democrata (FDP), parceiro na coligação de Governo, que tem somado derrota atrás de derrota. Se, como indicam as sondagens, não conseguir os 5% de votos necessários para garantir lugar no Bundestag, Merkel terá de redesenhar alianças, juntando-se aos Verdes ou repetindo a "grande coligação" com o SPD do seu primeiro mandato - solução que, segundo uma sondagem da televisão ZDF, é a preferida dos eleitores. Merkel deverá esperar pelas eleições, em Janeiro, na Baixa Saxónia - onde a renovação da maioria de direita só será possível com um resultado aceitável dos liberais - para começar a preparar a sua estratégia.
Notícia corrigida às 12h12: Peer Steinbrück é o candidato dos sociais-democratas a chanceler e não líder do partido