E que tal uma consulta com um arquitecto?

Está a precisar de fazer obras ou de remodelar a casa? Os arquitectos da Architect your Home, do SOS Arquitectura e do Consultório de Arquitectura prometem um serviço capaz de desmistificar o papel do arquitecto. As consultas podem ser pagas e o cliente escolher intervenções de um menu.

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O primeiro passo é um diagnóstico ao espaço, para perceber “o que está bem e aquilo que se deve aproveitar e manter, aquilo que se deve alterar e aquilo em que deve intervir”, afirma Madalena Silva, arquitecta do Consultório de Arquitectura, “como num consultório médico, fazemos um diagnóstico dos problemas, e propomos uma solução, uma alternativa ao espaço que existe ”. E como um consultório médico pode-se pagar logo na primeira visita.

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O primeiro passo é um diagnóstico ao espaço, para perceber “o que está bem e aquilo que se deve aproveitar e manter, aquilo que se deve alterar e aquilo em que deve intervir”, afirma Madalena Silva, arquitecta do Consultório de Arquitectura, “como num consultório médico, fazemos um diagnóstico dos problemas, e propomos uma solução, uma alternativa ao espaço que existe ”. E como um consultório médico pode-se pagar logo na primeira visita.

Os preços da primeira visita variam entre as empresas. Se no SOS arquitectura esta primeira “consulta” é gratuita, no Consultório de Arquitectura tem o custo de 100 euros e no AYH um valor que vai dos 250 aos 350 euros, tendo em conta o tamanho do espaço e o tipo de levantamento que o cliente deseje. O AYH justifica os preços mais elevados esclarecendo que a primeira visita dá logo origem um projecto base, desenhado na hora.

Depois da primeira fase, diz Madalena Silva, “ou a pessoa tem algum interesse por obras, ela mesma, e contrata um empreiteiro e faz a obra, ou são coisas mais elaboradas e nós aconselhamos, à partida, a fazerem projectos”, havendo ainda a possibilidade de acompanharem a obra, caso o cliente decida avançar. É um pouco à la carte. “Imagine esta situação: há uma parte importante, que é o levantamento arquitectónico, que consiste em medir com o aparelho laser e fazer o desenho rigoroso. E se calhar pode ter um amigo que sabe e pode fazer isso e não pica esse item, não paga esse passo. E passa para o passo seguinte”, dá como exemplo Mariana Pedroso: “A pessoa tem muita liberdade para decidir o que é melhor consoante a situação e o orçamento que tem disponível”.

O AYH tem um vasto programa de menus, em que o cliente pode escolher o que mais precise, entre os quais desenhos-esquema para a remodelação, procura de produtos e/ou materiais, sistema de iluminação, entre outros. Para além de questões mais técnicas, a linha de pensamento desta empresa passa por perceber “o que as pessoas pensam sobre as suas casas, a forma como se relacionam com elas e as suas emoções” porque, refere Mariana Pedroso, mudar uma divisão está muito ligada aos sentimentos pessoais. O preço de cada serviço é definido à hora e, “consoante o tipo de trabalho, se são mais ou menos horas”, explica a arquitecta.

No SOS Arquitectura, “há uma visita inicial, seja uma dispensa ou um prédio inteiro, para avaliar o estado em que se encontra a divisão ou imóvel, e perceber o que a pessoa quer e qual é o dinheiro que a pessoa tem para gastar”, afirma Rita Castro. Depois, “vamos ver a escala de prioridades que tem de ir sendo afinada com a pessoa”. “É para evitar também aquelas surpresas de ‘eu tenho x para gastar numa obra e depois metem-se na obra e chegam ao fim e viram que gastaram o dobro’. É o que acontece quando não há este controlo” — diz Ana Lopes, arquitecta da empresa.

Três empresas diferentes, objectivos comuns
Embora tenham em comum a vontade de reaproximar os arquitectos e as pessoas, “levar a arquitectura a mais pessoas do que aquelas que recorrem actualmente aos serviços de um arquitecto”, como disse a arquitecta Rita Castro, cada uma destas empresas tem as suas particularidades.

O conceito do Architect Your Home surgiu em 2001, no Reino Unido, com Jude e Hugo Tugman: uma rede de arquitectos, espalhados por vários pontos do país, mas que partilham a mesma visão. Ao trabalharem numa zona específica, conhecem melhor o funcionamento desses locais e quais os procedimentos necessários para fazer uma obra, “porque a maneira como se trabalha os materiais ou como se entrega os projectos na câmara é diferente em cada zona”, explica Mariana Pedroso, também directora da marca em Portugal. Na prática, o site desta empresa, ainda em construção, vai apresentar “um mapa do nosso país, com cada arquitecto e um pequeno perfil com os projectos que esse arquitecto fez, com que câmaras trabalha, em que é que ele é melhor, se é reabilitação, se são projectos contemporâneos, minimalistas ou mais tradicionais”, conta.

“É uma nova forma de fazer arquitectura, é um projecto totalmente novo em Portugal, já tem mais de uma década de existência no Reino Unido e nós abordámos a equipa inglesa no sentido de internacionalizar a marca”, diz Mariana Pedroso, que acrescenta que, depois de Portugal, o objectivo será levar esta marca também para Espanha. A arquitecta diz que também este pretende ser um projecto mais interactivo, em que o cliente tem uma comunicação diária com os arquitectos, “para chegar a uma conclusão que realmente goste”.

Portugal é a primeira internacionalização do AYH. Por isso, este é ainda um projecto em “fase de lançamento, de estabelecimento de parcerias e de divulgação nos media para dar a conhecer o conceito que é tão inovador e diferente que tem que de alguma forma ser explicado”, afirma Alexandra Moura, a outra directora do AYH Portugal. Para além de uma rede de arquitectos, o AYH quer criar uma base de dados com empreiteiros e engenheiros de diversas áreas como acústica, telecomunicações ou térmica e ainda estabelecer parcerias que darão descontos aos clientes em materiais, cozinhas, iluminação, entre outros.

Mais antigo que o AYH Portugal, o Consultório de Arquitectura nasceu em 2011 e é dirigido por Madalena Duarte Silva e por Joana Pinheiro, ambas arquitectas. Após a “consulta arquitectónica” inicial, as arquitectas disponibilizam-se para fazer levantamentos de plantas, projectos de remodelação e acompanhamento de obra, no que toca à assessoria de materiais, a estudos de viabilidade, desenho de peças de mobiliário, entre outros que podem ser consultados no site da empresa.

Ana Lopes, do SOS Arquitectura, afirma que o lema deste serviço passa pelo ditado: “Pequenos problemas, pequenas soluções. A pequena solução não é por ser pequena, é por ser ajustada. É tentar ajustar a solução à medida do problema e à capacidade do cliente”. Para além de moradias ou apartamentos, o SOS Arquitectura também actua em espaços comerciais. O que as distingue, essencialmente, de um atelier de arquitectura, é “um atendimento mais personalizado e directo, é a clareza dos preços que nos gabinetes dificilmente se tem e também uma série de outros serviços que os ateliers não oferecem”, dizem Ana Lopes e Rita Castro.

Reaproximar os arquitectos
Rita Castro e Ana Lopes aperceberam-se dos preconceitos em relação aos arquitectos nos seus círculos de amigos. “Há ideias pré-formadas e que levam as pessoas a não recorrerem a arquitectos porque pensam que é um acréscimo de dinheiro e que economicamente não é viável”, diz Rita Castro. “Há a ideia de que contratar um arquitecto leva muito caro. É uma razão pela qual, quando surgiu esta ideia como prestadora de vários serviços, um ponto de que fizemos questão é que os preços estejam muito presentes de uma forma clara no nosso site.”

“Um exemplo básico, de um pavimento que está estragado porque já usa a casa há muitos anos ou está manchado e gasto pelo uso. Se uma pessoa chama um empreiteiro aquilo que ele vai aconselhar será, quase sempre, aquilo que ele está habituado a fazer. Ou seja, essa pessoa não vai pesquisar, não vai avaliar as possibilidades e não vai confrontar o dono do pavimento com as possibilidades que ele tem e definir, em conjunto, o que será uma boa solução”, explica Ana Lopes. “As pessoas geralmente não contratam um arquitecto, mas um empreiteiro e deixam ao critério do empreiteiro desde os materiais a aspectos formais e funcionais. O empreiteiro não será a pessoa mais adequada para fazer essas escolhas e depois, muitas vezes, as pessoas não ficam satisfeitas porque as coisas não respondem às expectativas que criaram.”