Avião perseguido por F-16 precisava de pista com condições mínimas para aterrar
Os aviões portugueses chegaram a ter contacto por radar e visual com a aeronave, mas foi subitamente perdido a dez quilómetros da fronteira.
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“Para fazer uma viagem tão grande, teria de ter um terreno minimamente decente para aterrar, com 400 a 500 metros. Falamos num voo próximo dos 1000 quilómetros e, nestas condições, teria de ser um avião acima da média e que não aterra em qualquer lugar. Se foi de noite, tentar aterrar um avião destes sem iluminação é um autêntico suicídio”, esclareceu Carlos Costa, à agência Lusa.
Dois F-16 da Força Aérea Portuguesa (FAP) interceptaram no domingo um avião ligeiro não identificado na zona da Guarda, junto à fronteira, após um alerta das autoridades espanholas.
De acordo com o porta-voz da FAP, tenente-coronel Rui Roque, o alerta das autoridades espanholas foi dado às 4h50, após Espanha ter interceptado uma aeronave ligeira, de dois lugares, não identificada.
No âmbito do sistema de defesa aérea, um avião militar espanhol tinha acompanhado a aeronave ligeira a partir das imediações do golfo de Cádis, no extremo sul do país, até à zona de fronteira com Portugal, mas teve de abandonar a missão, por falta de combustível.
Cerca das 6h18, segundo o porta-voz, a FAP decidiu enviar dois aviões F-16 da base área militar de Monte Real, no concelho de Leiria, no encalço da aeronave não identificada, que seguia para norte, sempre junto à fronteira entre Espanha e Portugal.
Rui Roque adiantou à Lusa que os aviões portugueses chegaram a ter contacto por radar e visual com a aeronave, mas foi subitamente perdido a dez quilómetros da fronteira, na zona do Sabugal.
“Deve ter aterrado, é a única explicação”, justificou o porta-voz da Força Aérea, que acrescentou que o acompanhamento de uma pequena aeronave, que voa, no máximo, a 120 nós, e que pode aterrar em qualquer estrada ou descampado, é particularmente difícil para os caças F-16, que voam no mínimo a 300 nós e não podem reduzir velocidade no ar.
Nestas circunstâncias, a voar com esta autonomia, a baixa altitude e a uma velocidade de 120 nós - informação fornecida pela FAP - é convicção do presidente da Associação Portuguesa de Aviação Ultraleve de que o avião precisa obrigatoriamente de uma pista minimamente “decente” e de um “piloto experiente”.
O porta-voz da Força Aérea Portuguesa esclareceu que a aeronave em causa tem uma lotação de dois lugares e uma capacidade de bagageira muito reduzida. Ainda que admita que este perfil de voo possa corresponder ao transporte de drogas, o responsável frisou que não pode garantir que seja esse o caso.
Rui Roque avançou também a hipótese de a aeronave voar a uma altitude tão baixa, para que os ocupantes pudessem captar rede de telemóvel, que permitiria contactar com uma rede de apoio no solo, capaz de indicar a melhor localização para aterrar, e até mesmo esconder uma pequena aeronave como aquela que no domingo entrou no espaço aéreo nacional, aparentemente sem autorização.<_o3a_p>