O festival de cinema que mostra que o Brasil não é só telenovelas
Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira começa este domingo com seis longas e 28 curtas-metragens a concurso, quatro estreias mundiais e um debate com Salaviza no dia 9. Os novos valores são já uma tradição.
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Apesar de haver uma espécie de fórmula para que a programação seja feita, isso não impede que “todos os anos se montem e desmontem as coisas”. “É um processo criativo permanente”, refere o director do cineclube. A programação nasce assim de constantes escolhas e tenta-se, sempre que possível e mesmo que à distância, acompanhar o processo de alguns filmes do princípio ao fim. O evento deixou de ser calmo: dos cerca de 100 filmes recebidos há 15 anos, agora a organização tem mais de 500 obras para seleccionar. O Ano do Brasil em Portugal poderia ser uma tentação para destacar o cinema brasileiro na edição deste ano, mas a organização resistiu e equilibrou o prato da balança entre os dois países. Um aviso importante: todos os filmes brasileiros que integram a competição oficial são inéditos no nosso país. E todas as obras têm pelo menos um representante presente no festival.
A 16.ª edição do Festival Luso-Brasileiro arranca este domingo com a exibição de “Tropicália” do brasileiro Marcelo Machado e também com novidades e curiosidades que vão preencher o auditório da Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira até ao dia 9. Longas e curtas-metragens portuguesas e brasileiras voltam a entrar em competição: seis longas-metragens, a maioria primeiras obras, 28 curtas, e mais quatro estreias mundiais. Antes da exibição de cada obra, há uma explicação informal, de poucos minutos, por parte de quem realizou, interpretou ou produziu a história.
Luz verde à palavra
O Festival Luso-Brasileiro volta a apostar na palavra, no debate. A obra do realizador português João Salaviza entra neste circuito e será analisada de três perspectivas: a do próprio realizador, a da equipa que o acompanha e a da crítica. O debate está marcado para o dia 9, pelas 16h00, e será moderado por Tiago Alves e conta com as presenças dos jornalistas Francisco Ferreira do Expresso e José Miguel Gaspar do JN.
Este ano, regista-se a maior presença feminina e a maior aposta de sempre nos programas monográficos. “Somos um festival vocacionado para o cinema de autor e é aí que apostamos as fichas todas”, revela Américo Santos. Joel Pizzini surge assim como o realizador em foco com três filmes que permitem um contacto com a obra de três dos maiores realizadores brasileiros de sempre: Glauber Rocha, Rogério Sganzerla e Mário Peixoto. “Anabazys” passa no dia 7, às 16h00, para uma incursão no processo criativo de Glauber Rocha, seguindo-se um debate conduzido pelo crítico de cinema João Lopes. No mesmo dia, às 0h15, é exibido “Mr. Sganzerla”, “Os Signos da Luz” que recria o ideário do cineasta Sganzerla. “Mar de Fogo” surge no programa no dia 9, pelas 19h00, em estreia mundial, para penetrar na iconografia de Mário Peixoto.
Cinco filmes produzidos pela Capital Europeia da Cultura – Guimarães 2012, três dos quais em competição – “O Facínora” de Paulo Abreu, “O Dom das Lágrimas” de João Nicolau e “O Fantasma do Novais” de Margarida Gil – têm destaque no programa. As restantes duas obras, “Vamos Tocar Todos Juntos para Ouvirmos Melhor” de Tiago Pereira e “O Bravo Som dos Tambores” de João Botelho, entram uma sessão especial no dia da abertura, este domingo, a partir das 23h30.
Adolfo Luxúria Canibal narrador do filme “O Coveiro” de André Gil Mata, que será exibido sábado dia 8, às 16h00, estará no festival, tal como Pedro Ayres Magalhães que assistirá à projecção de “Visões de Madredeus” de Edgar Pêra, no dia 9, logo após a cerimónia de entrega de prémios, pelas 22h00.