Inquérito indica que portugueses admitem o suicídio assistido
Segundo o estudo encomendado por uma associação de advogados suíça, 79% dos portugueses acham que as pessoas devem poder escolher quando e como morrer.
Na sua página na Internet, a direcção da Swiss Medical Lawyers Association (SMLA) justifica a realização do inquérito online com a necessidade de confirmar que, na maior parte dos países, as leis não reflectem a opinião dos cidadãos e também de contribuir, com dados, para eventuais iniciativas legislativas.
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Na sua página na Internet, a direcção da Swiss Medical Lawyers Association (SMLA) justifica a realização do inquérito online com a necessidade de confirmar que, na maior parte dos países, as leis não reflectem a opinião dos cidadãos e também de contribuir, com dados, para eventuais iniciativas legislativas.
Para encontrar respostas foram ouvidas cerca de 12 mil pessoas do painel Isopubli, a empresa que elaborou o estudo em 12 países (Dinamarca, Alemanha, Finlândia, França, Grécia, Reino Unido, Irlanda, Itália, Áustria, Portugal, Suécia e Espanha).
A versão resumida e gráfica dos resultados permite perceber que a ideia de que as pessoas devem ter o direito de decidir quando e como morrer é apoiada por mais de metade dos inquiridos de todos os países. Em Portugal, 79% apoiam a ideia e 16% discordam dela. A Alemanha e a Espanha aparecem como aqueles em que há maior percentagem de respostas positivas — 87% e 85 %, respectivamente — e no pólo oposto estão os gregos, 52% dos quais concordam com o direito à escolha e 37% desaprovam-no.
Quando a questão se torna pessoal, os números alteram-se muito ligeiramente, no caso de Portugal. Entre os portugueses, 74% admitem que poderiam recorrer ao suicídio assistido no caso de terem uma deficiência grave, uma doença incurável ou dores incontroláveis e 17% indicam que, para elas, essa possibilidade está fora de questão.
Neste caso, o menor número de respostas positivas registou-se na Grécia (56%) e na Irlanda (68%), onde 25% dos inquiridos de cada um dos países respondem que não admitem a possibilidade de recorrer ao suicídio assistido. Na Espanha e na Alemanha, 78 e 77% dos inquiridos, respectivamente, deram resposta positiva.
Portugal está entre os países onde é maior a preocupação com a possibilidade de as pessoas serem pressionadas a optar pelo suicídio assistido o mais rapidamente possível, caso este fosse legalizado. De entre os inquiridos, 11% admitiram que isso pudesse acontecer com frequência, 32% responderam “ocasionalmente”, 26% “raramente, 24% “praticamente nunca” e 13% disseram não saber. Tendo em conta a escolha das duas primeiras possibilidades de resposta, feita por 43% dos inquiridos, os portugueses têm uma opinião próxima da registada no Reino Unido (48%) e Espanha (49%).
Segundo a agência Reuters, que divulgou esta sexta-feira a existência deste estudo e noticiou os resultados, o suicídio assistido é actualmente permitido na Bélgica, no Luxemburgo, na Holanda e na Suíça. Na Alemanha existe já uma proposta nesse sentido e em França debate-se o assunto, adianta.