Inquérito da RTP conclui que Nuno Santos autorizou PSP a ver imagens dos confrontos

O ex-director de Informação da RTP autorizou a PSP a visionar todas as imagens da manifestação frente ao Parlamento.

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Nuno Santos esteve duas horas e meia na ERC Foto: Rui Gaudêncio

Esta é uma das conclusões do inquérito interno que a administração da RTP mandou instaurar na passada semana, para apurar o que realmente se passou e que permitiu que dois elementos da PSP tenham estado nas instalações da empresa a visionar imagens da carga policial.

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Esta é uma das conclusões do inquérito interno que a administração da RTP mandou instaurar na passada semana, para apurar o que realmente se passou e que permitiu que dois elementos da PSP tenham estado nas instalações da empresa a visionar imagens da carga policial.

Questionado pelo PÚBLICO, Nuno Santos recusou-se a fazer declarações, limitando-se a dizer que tomará “uma posição ainda durante o dia de hoje”.

O director-geral de Conteúdos, Luís Marinho, sai completamente ilibado do caso, porque o inquérito apurou que este “só teve conhecimento dos factos, tal como tinham ocorrido”, no dia 19, e, “de forma detalhada”, no dia 20. Nessa altura, transmitiu “de imediato” ao presidente da RTP, Alberto da Ponte, o que se passava.

As imagens que os dois elementos da PSP viram foram “transcritas“ para DVD, mas “não chegaram a sair da RTP”, conseguiu-se também concluir.

De acordo com uma informação divulgada pelo conselho de administração com o “resumo dos factos apurados em sede de inquérito”, a PSP pediu à subdirecção de Produção de Informação, ainda no próprio dia 14, a “escolha e cedência das imagens dos incidentes do dia da greve, recolhidas pela RTP, bem como o seu visionamento nas respectivas instalações”.

A autorização para que isso acontecesse veio do então director de Informação, e a PSP poderia fazê-lo, no dia seguinte, “num sítio discreto que não no Arquivo”, apurou este inquérito.

No dia 15, a PSP visionou “imagens dos incidentes através de um computador, com a aplicação Q-View e, através de laptop, cassetes contendo as imagens captadas pelos operadores repórteres da RTP”. Ainda que “grande parte” dessas imagens seja das que a RTP de facto emitiu em directo ou em peças jornalísticas nos diversos blocos noticiosos dos vários canais, a PSP também viu outras que “nunca foram transmitidas”. Isso faz com que não tenham sido “seguidos os procedimentos habituais na empresa”, aponta este resumo dos factos apurados.

Ainda nesse mesmo dia as imagens visionadas foram gravadas em DVD, mas estes, porém, “não chegaram a sair da RTP”. Só no dia 16, quando a PSP pediu formalmente ao Arquivo as imagens, é que foram cedidas as “emitidas na RTP1 e na RTP Informação (directos e noticiários, 3h22, em dois DVD) através dos procedimentos habituais”.

Os factos, tal como tinham ocorrido, só chegaram ao director-geral no dia 19. E apenas no dia 21 houve reacção do presidente, Alberto da Ponte, que considerou que a “presença da polícia nas instalações da RTP para aquele objectivo, autorizada pelo referido director, ao arrepio de todos os procedimentos internos instituídos e sem que disso tivesse dado conhecimento prévio” à administração, obrigava a que esta perdesse a “confiança” em Nuno Santos. A consequência lógica foi o pedido de demissão de Nuno Santos, conhecido na quarta-feira passada, ao início da noite.

Na terça-feira, a assessoria do conselho de administração disse ao PÚBLICO que as conclusões só seriam conhecidas ao fim da tarde de quarta-feira, depois de o presidente da RTP, Alberto da Ponte, entregar o relatório na ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com a qual tem um encontro às 17h, por uma questão de “cortesia”.

Porém, a assessoria esclareceu hoje ao PÚBLICO que os presidentes da RTP e da ERC entenderam que este resumo devia ser “libertado mais cedo”.