Desflorestação da Amazónia cai para novo mínimo histórico
O ritmo de desflorestação da Amazónia caiu 76% desde 2005. Área destruída no último ano equivale à do pior ano de incêndios florestais em Portugal.
Houve uma redução de 27% em relação ao ano anterior, em que o abate de árvores tinha também chegado a um recorde mínimo, 6418 quilómetros quadrados.
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Houve uma redução de 27% em relação ao ano anterior, em que o abate de árvores tinha também chegado a um recorde mínimo, 6418 quilómetros quadrados.
Os dados oficiais foram divulgados terça-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a agência brasileira que acompanha a evolução da desflorestação da Amazónia a partir de imagens de satélites. O INPE possui dois sistemas de monitorização: o DETER, que dá uma imagem mais imediata ao longo do ano, de modo a detectar sinais de alerta, e o PRODES, que faz um retrato mais detalhado no final de cada época. Os números agora divulgados são os do PRODES.
Os resultados surgem num momento em que a comunidade internacional discute novos passos a dar na luta contra o aquecimento global, na conferência climática anual das Nações Unidas, em Doha, Qatar. “Ouso dizer que esta é a única boa notícia ambiental que o planeta teve neste ano do ponto de vista de mudanças do clima”, disse a ministra brasileira do Ambiente, Izabella Teixeira, ao apresentar os resultados em Brasília.
Há três anos, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de reduzir em 36% o aumento das suas emissões de CO2 até 2020, em comparação o que seria expectável. Uma grande fatia deste esforço seria, nos planos do Governo, atingida com uma descida de 80% do nível de desflorestação, em relação a 2005. Neste momento, já houve uma redução de 76%.
“Podemos mostrar em Doha que estamos a fazer a nossa parte para reduzir emissões”, continuou Izabella Teixeira. “O mundo deve encontrar urgentemente uma solução para a questão das alterações climáticas”, acrescentou.
Cultura da soja
Nem tudo são, porém, boas notícias. Apesar da diminuição da área desflorestada em geral, houve um aumento em três dos nove estados brasileiros da chamada Amazónia legal: Acre (10% ), Amazonas (29%) e Tocantins (33%). Já nos estados onde a floresta está a desaparecer em maior superfície, houve grandes descidas. No Mato Grosso e no Pará, que representam metade da área desflorestada em 2011/12 e dois terços desde 1988, o ritmo abrandou 31% e 44% respectivamente. É sobretudo nestes estados, e também em Rondónia, que a cultura da soja mais tem avançado sobre a floresta nas últimas duas décadas.
O ritmo de destruição da Amazónia tem vindo a cair desde 2004, quando desapareceram quase 28 mil quilómetros quadrados da mancha florestal.
Dados mais recentes, já do terceiro trimestre de 2012, lançaram a preocupação de que esteja a haver uma nova subida. Entre Agosto e Outubro de 2012, as árvores desapareceram de 1152 quilómetros quadrados, um aumento de 125% em relação ao mesmo período de 2011, segundo a organização não-governamental Imazon, que tem o seu próprio sistema de monitorização.