Economistas prevêem recessão entre 2,2% e 2,6% em 2013
No Orçamento de Estado, o Governo prevê uma contracção do PIB de apenas 1%, o que é criticado pelos economistas.
"O cenário macroeconómico não é compatível com a o agravamento fiscal que se vai verificar e com aquilo que são as perspectivas de futuro das famílias e das empresas", afirmou Miguel St. Aubin, professor do ISEG, na apresentação da análise ao OE feita durante esta segunda-feira.
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"O cenário macroeconómico não é compatível com a o agravamento fiscal que se vai verificar e com aquilo que são as perspectivas de futuro das famílias e das empresas", afirmou Miguel St. Aubin, professor do ISEG, na apresentação da análise ao OE feita durante esta segunda-feira.
No OE, o Governo prevê uma contracção do PIB de "apenas" 1% durante o próximo ano. Em particular, são alvo de críticas por parte dos economistas do Budget Watch as previsões do Governo de contracção de 2,2% e 4,2% para o consumo privado e para o investimento, respectivamente. "Existe uma forte probabilidade de a variação negativa do PIB ser entre 2,2% e 2,6%", diz Miguel St. Aubin.
No relatório de análise do OE feito por economistas inquiridos pelo ISEG e por empresários e gestores inquiridos pela Deloitte, a avaliação continuou este ano a ser negativa, verificando-se mesmo uma deterioração face ao ano passado. A falta de confiança em relação ao cenário macroeconómico é uma das principais razões para este resultado negativo.
Para fazer face a esta falta de credibilidade das previsões do OE, Paulo Trigo Pereira, do ISEG, apresentou como recomendação para os futuros governos que "o cenário macroeconómico passasse a ser discutido com economistas, com o Banco de Portugal, com o INE e com universidades". "Neste momento não sabemos sequer se é usado um modelo e qual é que ele é", criticou.
Outros alertas lançados esta segunda-feira em relação ao OE estão relacionados com a dinâmica de evolução da dívida pública e com a transparência das contas públicas. Manuela Arcanjo, ex-secretária de Estado do Orçamento e ex-ministra da Saúde, diz que "continuamos a ter uma desorçamentação crónica" no sector da Saúde e deixou outros avisos. "O OE é mau, não vai ter boa execução e tem bombas atómicas, como as empresas públicas municipais e regionais", disse.