Para os portugueses, antes um Presidente jovem do que homossexual

Um Presidente da República homossexual ou transexual é a hipótese que mais desconforto geraria entre os portugueses. Em média, na UE, o cenário pior é que esteja naquele cargo alguém com mais de 75 anos.

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Os portugueses elegem as pessoas com deficiência e os homossexuais como as principais vítimas de discriminação Nuno Ferreira Santos

À pergunta sobre qual o seu grau de conforto no caso de o cargo político elegível mais elevado ser ocupado por alguém com uma orientação sexual diferente, os portugueses ficaram-se nos 5,5 numa escala de 1 a 10, em que o 1 significa totalmente desconfortável e o 10 totalmente confortável. A média na UE está em 6,6, o mesmo grau de conforto sentido pelos portugueses caso tivessem um Presidente com menos de 30 anos.

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À pergunta sobre qual o seu grau de conforto no caso de o cargo político elegível mais elevado ser ocupado por alguém com uma orientação sexual diferente, os portugueses ficaram-se nos 5,5 numa escala de 1 a 10, em que o 1 significa totalmente desconfortável e o 10 totalmente confortável. A média na UE está em 6,6, o mesmo grau de conforto sentido pelos portugueses caso tivessem um Presidente com menos de 30 anos.

Em média, o cenário mais desconfortável para os europeus seria o de terem um Presidente com mais de 75 anos (5,4), mas os portugueses classificam esta hipótese com um 6 e apontam como o pior cenário o de a Presidência da República vir a ser ocupada por um transexual.

O questionário visava aferir o conforto perante a eleição de um membro dos grupos que são habitualmente mais alvo de discriminação: mulheres, pessoas com deficiência, com uma religião ou etnia diferentes da maioria, homossexuais, transexuais, maiores de 75 anos e menores de 30 anos. Em Portugal (7,9 pontos), como em média na UE (8,6), a hipótese mais confortável entre as apresentadas é a da eleição de uma mulher.

 

A discriminação existe, mas não se vê

A discriminação existe? Mais de metade dos portugueses pensam que sim, um valor superior à média registada na UE. Mas são os portugueses os que dizem que menos a testemunharam. Inquiridos se nos últimos 12 meses foram testemunhas de um caso de discriminação ou assédio, apenas 17% responderam pela positiva. A média na UE é de 34%. Lideram a Suécia (51%) e a Holanda (50%).

Quanto à percepção dos grupos que são mais alvo de discriminação, os portugueses elegem as pessoas com deficiência e os homossexuais (55%, contra uma média europeia de 46%). Seguem-se-lhes as minorias étnicas (53%). Na UE, este último grupo é apontado como o mais vulnerável (56%). Em 2009, quando do último inquérito, esta percentagem subia para os 61%. Também se registou uma redução entre os que consideram que existe uma discriminação generalizada face às pessoas com deficiência: desceu de 53% para 46%.

A maioria dos europeus e dos portugueses (67%) considera, contudo, que a actual crise económica irá aumentar a discriminação no mercado de trabalho das pessoas com mais de 55 anos. E também as das pessoas com deficiência ou oriundas de minoria étnica. O provável aumento da discriminação face a estes dois grupos é apontado por 60% e 52% dos portugueses para uma média europeia de 5%3 e 52%, respectivamente.

Os inquéritos foram realizados em Junho. Foram inquiridas 26.622 pessoas, das quais 1001 em Portugal.