Há portugueses entre os “Desempregados do Ano” da Benetton
Wasted Rita, João Correia e Bárbara Martins estão entre os 100 finalistas do “Desempregado do Ano” e vão receber cinco mil euros
A Benetton apelou a jovens desempregados de todo o mundo, entre os 18 e os 30 anos. Era só enviarem um projecto que respeitasse as regras e habilitavam-se a fazer parte da lista dos 100 “Desempregados do Ano”, com direito a cinco mil euros depositados na conta.
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A Benetton apelou a jovens desempregados de todo o mundo, entre os 18 e os 30 anos. Era só enviarem um projecto que respeitasse as regras e habilitavam-se a fazer parte da lista dos 100 “Desempregados do Ano”, com direito a cinco mil euros depositados na conta.
As candidaturas e os “currículos de desempregos” foram milhares e estiveram a votação, no site, durante o mês de Outubro. Dos 100 finalistas, divulgados recentemente, há vários jovens portugueses.
João Correia, Wasted Rita e Bárbara Martins são três deles. Receberam o título de “Desempregado do Ano” pela Fundação Unhate e vão, por isso, desenvolver os projectos que candidataram, assim que receberem o prémio, em Janeiro. Todos os projectos têm de ser concretizados até Setembro de 2013.
O jovem de Coimbra submeteu a primeira candidatura, de todas, a concurso. Prestes a fazer 27 anos, João Correia quer fazer um documentário sobre ser jovem artista em Portugal. A ideia é passar uma semana com três artistas, de três áreas distintas (ilustração, comédia e dança), e perceber que dificuldades enfrentam e que concepção existe sobre o trabalho que fazem.
João, que já fez um documentário sobre as Aldeias do Xisto recorrendo a uma campanha de "crowdfunding", está sempre “à procura de novas oportunidades de financiamento”. A acabar o mestrado em Comunicação Multimédia na Universidade de Aveiro, já tem os gastos de produção do novo documentário “mais ou menos definidos” mas, até receber o prémio, não quer avançar muito.
Aproveitar para sair de Portugal
Nome artístico para a designer e ilustradora do Porto, Wasted Rita aproveitou esta oportunidade para pensar “num conjunto de coisas que sempre quis fazer” e que foi adiando por falta de dinheiro. Admite que fez “muito SPAM” e que se ficou a sentir mal por isso (só os projectos com mais “likes” seriam escolhidos).
Em cinco minutos redigiu o seu projecto, que “passa por ter um espaço onde possa trabalhar como designer e ilustradora”, fazer serigrafia e edições de "t-shirts". No fundo, Wasted Rita, de 24 anos, quer mostrar o seu trabalho e o de outros artistas, “de maneira auto-sustentada” — e de preferência em Berlim.
“Tenho hipótese de ir para lá [Berlim] em Janeiro, numa residência de artistas”, explica a jovem, que se vai dedicar à procura de um espaço na capital alemã. Ainda não decidiu exactamente onde gastar o dinheiro, não tem um plano muito rígido. Provavelmente vai investir em material de serigrafia e, de seguida, desenvolver a linha de roupa com ilustrações. Já a "tour" europeia que tanto quer fazer, com outros artistas, “está mais ou menos programada”.
Lutar pela cidade natal
Bárbara Martins nunca esteve muito tempo num emprego: já trabalhou num banco e numa loja e já estudou Psicologia, no Algarve. Regressou há pouco tempo à sua terra natal, Setúbal, e a campanha da Benetton apareceu numa altura boa para arriscar.
Aos 23 anos, Bárbara quer fazer alguma coisa pela sua cidade, que todos os dias vê definhar em termos de emprego. O objectivo é ajudar a “combater a fome e o desemprego”, através da formação. Com o apoio da câmara municipal, este projecto pretende criar hortas biológicas em terrenos abandonados e distribuir os produtos por famílias em necessidade. “Se a produção for boa, até podemos tentar comercializar”, diz.
Dar ferramentas de trabalho a desempregados entre os 35 e os 50 anos também é uma prioridade, bem como ajudá-los a iniciar o próprio negócio. “Estou a tentar lutar pela minha cidade. É cá que gostava de viver, trabalhar e ver a minha filha crescer”, reflecte. “Quero arrancar com isto o quanto antes porque vai mudar a vida de muitas pessoas.”