Operação Outono
Há uma mancha que macula o novo filme de Bruno de Almeida: ter o actor americano John Ventimiglia a interpretar Humberto Delgado dobrado em português por Rogério Samora sem atenção à sincronia labial. Daí resulta a sensação de estar a ver um filme italiano fajuto dos anos 1960 - e é impossível não sentir que talvez fosse exactamente isso que Almeida quis fazer: dessacralizar um momento fulcral da história portuguesa sob a forma de um exercício de género descomplexado recuperando um espírito de série B, de um outro tempo e modo de fazer cinema. Operação Outono esbarra nas limitações dos seus meios e na incapacidade de escolher um foco narrativo que sirva de “fio condutor” à história (indecisa entre ser policial, filme de espionagem ou filme de tribunal e alternando entre os três), com os actores a não terem “tempo de antena” suficiente para desenhar as personagens. Não deixa de ser uma fita simpática, que escapa ao proverbial esquema televisivo de tanta reconstituição histórica made in Portugal.
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Há uma mancha que macula o novo filme de Bruno de Almeida: ter o actor americano John Ventimiglia a interpretar Humberto Delgado dobrado em português por Rogério Samora sem atenção à sincronia labial. Daí resulta a sensação de estar a ver um filme italiano fajuto dos anos 1960 - e é impossível não sentir que talvez fosse exactamente isso que Almeida quis fazer: dessacralizar um momento fulcral da história portuguesa sob a forma de um exercício de género descomplexado recuperando um espírito de série B, de um outro tempo e modo de fazer cinema. Operação Outono esbarra nas limitações dos seus meios e na incapacidade de escolher um foco narrativo que sirva de “fio condutor” à história (indecisa entre ser policial, filme de espionagem ou filme de tribunal e alternando entre os três), com os actores a não terem “tempo de antena” suficiente para desenhar as personagens. Não deixa de ser uma fita simpática, que escapa ao proverbial esquema televisivo de tanta reconstituição histórica made in Portugal.