Retirada queixa de blasfémia contra menina paquistanesa
O alto tribunal de Islamabad decidiu que fossem retiradas as queixas contra Rimsha, a menina cristã que no Verão esteve no centro de uma polémica interna no seu país e que se estendeu à comunidade internacional. A menina paquistanesa, que esteve detida durante três semanas numa prisão para adultos até ser libertada sob caução, em Setembro, era acusada de blasfémia depois de vizinhos terem pedido que fosse castigada por ter alegadamente queimado o Corão, um crime que pode levar a uma condenação a prisão perpétua ou mesmo à pena de morte no país.
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O alto tribunal de Islamabad decidiu que fossem retiradas as queixas contra Rimsha, a menina cristã que no Verão esteve no centro de uma polémica interna no seu país e que se estendeu à comunidade internacional. A menina paquistanesa, que esteve detida durante três semanas numa prisão para adultos até ser libertada sob caução, em Setembro, era acusada de blasfémia depois de vizinhos terem pedido que fosse castigada por ter alegadamente queimado o Corão, um crime que pode levar a uma condenação a prisão perpétua ou mesmo à pena de morte no país.
A menor vive em Mehrabad, um bairro cristão da cidade de Islamabad, rodeado pela maioria muçulmana. Este terá sido um caso de tensão religiosa entre os muçulmanos e a minoria cristã, consideram as organizações não-governamentais no Paquistão.
Rimsha foi detida em Agosto mas semanas depois o imã Khalid Chisti foi acusado de ter sido ele próprio a colocar páginas queimadas do Corão entre os pertences da menina. “Sublinhámos ao tribunal que não havia uma testemunha que tivesse visto Rimsha a queimar as páginas do Corão”, defendeu Akmal Bhatti, um dos advogados que representa a menor.
“Esta decisão histórica vai dissuadir as pessoas de proferirem falsas acusações”, realçou, por sua vez, Paul Bhatti, ministro da Harmonia Social paquistanês e responsável pelo acompanhamento das relações entre a maioria muçulmana sunita e as minorias, nomeadamente a cristã.
O advogado do acusador de Rimsha, Me Rao Abdur Raheem, já fez saber que irá recorrer da decisão judicial. “Estamos dispostos a ir até ao Supremo Tribunal”, afirmou.
O caso surgiu numa altura em que se debate a intolerância entre muçulmanos no Paquistão ou as leis contra a blasfémia do islão. Activistas dos direitos humanos no país têm exigido uma reforma da legislação, nomeadamente a lei que prevê a prisão perpétua para quem seja acusado de desrespeitar o Corão.