Portugal em má posição no retrato do consumo e resistência de antibióticos
O Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença (ECDC, na sigla em inglês) divulga esta sexta-feira o relatório do Sistema Europeu de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos. Os dados referentes a 2011 mostram que Portugal continua a estar no grupo dos dez países europeus com maior consumo desta arma terapêutica.
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O Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença (ECDC, na sigla em inglês) divulga esta sexta-feira o relatório do Sistema Europeu de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos. Os dados referentes a 2011 mostram que Portugal continua a estar no grupo dos dez países europeus com maior consumo desta arma terapêutica.
Por outro lado, Portugal continua também com um dos valores mais elevados entre 28 países de uma perigosa bactéria conhecida por MRSA (Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus) e associada a infecções adquiridas em meio hospitalar.
A resistência aos antibióticos é um dos mais preocupantes problemas de saúde pública e, em grande parte, criado pelo uso e abuso desta arma terapêutica. Os doentes infectados com estas resistentes bactérias têm opções limitadas de tratamento, exigindo um maior esforço (financeiro e não só) dos sistemas de saúde. Muitas vezes resultam em estadias prolongadas nos hospitais e mesmo em morte.
Portugal destaca-se nos vários mapas coloridos apresentados pelo ECDC para retratar as resistências. Porém, o vermelho mais carregado surge com especial relevo no mapa que diz respeito às resistências a MRSA. Apesar de uma tendência geral para diminuição deste problema na Europa, Portugal mantém indicadores preocupantes desta bactéria resistente apresentando valores superiores a 50%. No mapa da MRSA, Portugal e a Roménia são os únicos países com mais de 50%. O relatório nota ainda que a MRSA está a diminuir mas continua acima dos 25% em mais de um quarto dos 28 países, sobretudo no Sul da Europa.
Resistências a antibióticosNo entanto, uma das resistências que mais preocupa os especialistas e o ECDC incide sobre antibióticos de largo espectro (usados para combater uma bactéria chamada Klebsiella pneumoniae) usados para tratar pneumonias e infecções urinárias. Neste caso, há o registo de resistências a antibióticos de terceira geração mas também aos que já são considerados como “de última linha” bactérias resistentes a carbapenems) para os quais não existem alternativas.
De acordo com os dados do relatório divulgado no ano passado, Portugal tinha registado um preocupante aumento de aumento de casos de resistência a estes antibióticos de última linha passando de “menos de 1%” para valores “entre os 1 e 5%”. Este ano, o relatório mostra que em 2011 Portugal recuperou neste indicador recuperando os valores dos anos anteriores que se situam abaixo do 1%.
No que se refere ao consumo de antibióticos, o relatório da ECDC mostra dados de 2010 que colocam Portugal como um dos países europeus com maior consumo na comunidade, com um valor situado entre as 22.38 a 28.05 doses diárias definidas (DDD) por mil habitantes. Em meio hospitalar, os dados nacionais referem-se apenas aos hospitais públicos e mostram Portugal no 16.º lugar de uma tabela de 18 países.