Estados Unidos serão o maior produtor de petróleo em 2020
No seu relatório World Energy Outlook 2012, a agência prevê ainda que os combustíveis fósseis vão continuar a ser a principal fonte de energia no mundo e que a Terra encaminha-se assim para um aumento de 3,6 graus Celsius na sua temperatura média a longo prazo.
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No seu relatório World Energy Outlook 2012, a agência prevê ainda que os combustíveis fósseis vão continuar a ser a principal fonte de energia no mundo e que a Terra encaminha-se assim para um aumento de 3,6 graus Celsius na sua temperatura média a longo prazo.
A principal transformação salientada pela Agência Internacional de Energia (AIE) vem do desenvolvimento extraordinário da exploração de hidrocarbonetos não-convencionais na América do Norte – como o gás e o petróleo extraídos de formações rochosas pouco porosas (o “shale gas” e o “tight oil”) nos Estados Unidos, ou as areias betuminosas no Canadá.
O aumento do ritmo de extracção destes combustíveis tem sido classificado como a “revolução não-convencional”, com os preços a baixarem substancialmente, sobretudo o do gás, e uma reviravolta completa nas perspectivas de exploração de combustíveis fósseis sobretudo nos Estados Unidos. Até há alguns anos, a produção de petróleo no país estava a cair, fruto do esgotamento das reservas convencionais. Agora, as novas reservas já são responsáveis por 3,2 milhões de barris de petróleo por dia.
O relatório prevê que já em meados dos anos 2020, os Estados Unidos ultrapassarão a Arábia Saudita e a Rússia, tornando-se no maior produtor mundial de petróleo – um cenário até então improvável.
A subida na produção de petróleo nos EUA desde 2008 tem coincidido com uma tendência de queda no consumo. Por volta de 2030, o país deverá ser já um exportador bruto de petróleo. Antes disso, tornar-se-á exportador de gás natural a partir de 2020. Com tudo isto, os EUA serão, dentro de duas décadas, quase auto-suficientes em energia, enquanto hoje importam 20% dos seus recursos energéticos.
“A América do Norte está à frente de uma vasta transformação na produção de petróleo e de gás, que afectará todas as regiões do mundo”, afirma Maria van der Hoeven, directora executiva da AIE, num comunicado. Uma das consequências será a alteração nos fluxos de comércio de petróleo, com 90% das exportações do Médio Oriente desviadas para a Ásia até 2035.
As necessidades energéticas do mundo vão aumentar em um terço, em relação às actuais, com a maior parte desta subida (60%) concentrada na China, Índia e Médio Oriente. Nos cenários da AIE, os combustíveis fósseis têm tudo para se manter à frente do bolo energético global, especialmente devido aos subsídios de que beneficia. Em 2011, atingiram cerca de 411 mil milhões de euros – seis veze mais do que os subsídios às renováveis, que somaram 69 mil milhões de euros.
Ainda assim, as renováveis deverão chegar à segunda posição na produção eléctrica até 2015, subindo a sua fatia de 20% para 31% da electricidade consumida. O carvão permanecerá em primeiro lugar pelo menos até 2035, com um aumento esperado de 21% no consumo, especialmente na Índia e na China. Mas responderá por apenas 33% da electricidade produzida no mundo, contra 41% em 2010.
Já as perspectivas do nuclear foram revistas em baixa, na sequência do acidente na central de Fukushima, no Japão, em 2011. Apesar de se prever um aumento de 58% na produção, as centrais nucleares responderão por 12% da electricidade mundial em 2035, contra 13% agora.
Notícia actualizada às 16h55: acrescenta mais detalhes do relatório