Há cada vez menos estrelas no Universo
Formação de estrelas no Universo declinou 97% em 11 mil milhões de anos. A teoria mais aceite estipula que as primeiras estrelas terão começado a formar-se há uns 13,4 mil milhões de anos
Uma equipa internacional de astrónomos concluiu, com base no maior estudo de sempre do género, que a taxa de formação de novas estrelas no cosmo é actualmente 30 vezes menor do que foi no seu auge, que se terá provavelmente verificado há 11 mil milhões de anos. Os seus resultados acabam de ser publicados na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".
Utilizando observações feitas pelo Telescópio de Infravermelhos do Reino Unido e o telescópio japonês Subaru (ambos instalados no Havai), bem como pelo telescópio VLT do Observatório Europeu do Sul, no Chile, David Sobral, da Universidade de Leiden (Holanda), e colegas britânicos, japoneses, italianos e holandeses realizaram o mais completo levantamento de sempre das galáxias produtoras de estrelas, a partir de uma quantidade dez vezes maior de dados recolhidos.
E como olhar para muito longe no espaço corresponde a remontar no passado, conseguiram analisar de forma muito precisa a evolução da taxa de formação de estrelas ao longo da vida do Universo.
"Medimos a taxa de natalidade ao longo da história e verificámos que, no pico da actividade do Universo, há cerca de 11 mil milhões de anos, existiam cerca de 30 toneladas por minuto de estrelas a formar-se num determinado volume, enquanto hoje, num volume comparável, apenas se está a formar uma tonelada de estrelas por minuto", disse o cientista à agência Lusa.
Sol: uma estrela de terceira geração
A teoria mais aceite estipula que as primeiras estrelas terão começado a formar-se há uns 13,4 mil milhões de anos, apenas uns 300 milhões de anos após o Big Bang. Mas, como explica a Real Sociedade Astronómica (RAS) britânica em comunicado, as primeiras estrelas eram monstruosamente maciças e terão por isso durado apenas cerca de um milhão de anos, desfazendo-se no fim em cataclísmicas explosões ou supernovas. A seguir, grande parte do gás e das poeiras remanescentes serviu para dar origem a novas gerações de estrelas, com massas muito mais modestas, mas ao mesmo tempo muito mais longevas. O nosso Sol será assim uma estrela de terceira geração, com uma longevidade da ordem dos milhares de milhões de anos.
Seja como for, como as estrelas são os ingredientes essenciais das galáxias, a história cósmica da formação de estrelas também informa os especialistas sobre a formação e a evolução das galáxias - uma das grandes questões da cosmologia actual.
Comentando os novos resultados, David Sobral, citado no comunicado da RAS, não resiste a estabelecer um paralelo com a crise financeira actual que assola vários países europeus, entre os quais Portugal. "Poderíamos dizer que o Universo tem sofrido uma longa e grave "crise": o PIB cósmico de hoje corresponde a apenas 3% do que era no auge da produção estelar!"
E essa situação poderá manter-se indefinidamente, acrescenta, reflectindo que, "se o declínio continuar, isso significa que menos de 5% das estrelas se irão formar no que resta da história do cosmo, mesmo que esperemos para sempre". Os resultados sugerem, salienta ainda, "que vivemos num Universo dominado por estrelas velhas", metade das quais nasceram há 11 mil a 9 mil milhões de anos. Mas, apesar de o futuro "poder parecer sombrio", David Sobral privilegia um registo mais optimista: "De facto, temos a sorte de viver numa galáxia saudável, produtora de estrelas, que deverá contribuir fortemente para a formação de novas estrelas."
Resta a derradeira questão, diz o cientista: perceber o porquê do declínio da natalidade estelar.
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Uma equipa internacional de astrónomos concluiu, com base no maior estudo de sempre do género, que a taxa de formação de novas estrelas no cosmo é actualmente 30 vezes menor do que foi no seu auge, que se terá provavelmente verificado há 11 mil milhões de anos. Os seus resultados acabam de ser publicados na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".
Utilizando observações feitas pelo Telescópio de Infravermelhos do Reino Unido e o telescópio japonês Subaru (ambos instalados no Havai), bem como pelo telescópio VLT do Observatório Europeu do Sul, no Chile, David Sobral, da Universidade de Leiden (Holanda), e colegas britânicos, japoneses, italianos e holandeses realizaram o mais completo levantamento de sempre das galáxias produtoras de estrelas, a partir de uma quantidade dez vezes maior de dados recolhidos.
E como olhar para muito longe no espaço corresponde a remontar no passado, conseguiram analisar de forma muito precisa a evolução da taxa de formação de estrelas ao longo da vida do Universo.
"Medimos a taxa de natalidade ao longo da história e verificámos que, no pico da actividade do Universo, há cerca de 11 mil milhões de anos, existiam cerca de 30 toneladas por minuto de estrelas a formar-se num determinado volume, enquanto hoje, num volume comparável, apenas se está a formar uma tonelada de estrelas por minuto", disse o cientista à agência Lusa.
Sol: uma estrela de terceira geração
A teoria mais aceite estipula que as primeiras estrelas terão começado a formar-se há uns 13,4 mil milhões de anos, apenas uns 300 milhões de anos após o Big Bang. Mas, como explica a Real Sociedade Astronómica (RAS) britânica em comunicado, as primeiras estrelas eram monstruosamente maciças e terão por isso durado apenas cerca de um milhão de anos, desfazendo-se no fim em cataclísmicas explosões ou supernovas. A seguir, grande parte do gás e das poeiras remanescentes serviu para dar origem a novas gerações de estrelas, com massas muito mais modestas, mas ao mesmo tempo muito mais longevas. O nosso Sol será assim uma estrela de terceira geração, com uma longevidade da ordem dos milhares de milhões de anos.
Seja como for, como as estrelas são os ingredientes essenciais das galáxias, a história cósmica da formação de estrelas também informa os especialistas sobre a formação e a evolução das galáxias - uma das grandes questões da cosmologia actual.
Comentando os novos resultados, David Sobral, citado no comunicado da RAS, não resiste a estabelecer um paralelo com a crise financeira actual que assola vários países europeus, entre os quais Portugal. "Poderíamos dizer que o Universo tem sofrido uma longa e grave "crise": o PIB cósmico de hoje corresponde a apenas 3% do que era no auge da produção estelar!"
E essa situação poderá manter-se indefinidamente, acrescenta, reflectindo que, "se o declínio continuar, isso significa que menos de 5% das estrelas se irão formar no que resta da história do cosmo, mesmo que esperemos para sempre". Os resultados sugerem, salienta ainda, "que vivemos num Universo dominado por estrelas velhas", metade das quais nasceram há 11 mil a 9 mil milhões de anos. Mas, apesar de o futuro "poder parecer sombrio", David Sobral privilegia um registo mais optimista: "De facto, temos a sorte de viver numa galáxia saudável, produtora de estrelas, que deverá contribuir fortemente para a formação de novas estrelas."
Resta a derradeira questão, diz o cientista: perceber o porquê do declínio da natalidade estelar.