Francisco Louçã impõe condições para formar um Governo de esquerda

Foto
Louçã está disponível para assumir um cargo ministerial num possível Governo de esquerda Pedro Cunha

 Antes de uma aliança tripartida, o Bloco exige ao PS que tome uma decisão definitiva quanto ao memorando com a <i>troika</i>. Em entrevista à Antena 1, Louçã acredita ser possível criar um Governo de ruptura. A concretizar-se estaria disponível para ser ministro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

 Antes de uma aliança tripartida, o Bloco exige ao PS que tome uma decisão definitiva quanto ao memorando com a <i>troika</i>. Em entrevista à Antena 1, Louçã acredita ser possível criar um Governo de ruptura. A concretizar-se estaria disponível para ser ministro.

Ruptura com o memorando, corte na dívida, recuperação dos salários e das pensões e o controlo do crédito publico. São estas as quatro condições impostas pelo Bloco de Esquerda para se juntar ao PCP e ao PS na formação de um Governo. E têm de ser cumpridas na íntegra, alerta Francisco Louçã. “Se qualquer destas quatro condições falhar esse Governo de esquerda transforma-se numa tragédia de direita”.

A proposta de uma coligação BE/PCP/PS tinha sido avançada pelo dirigente bloquista João Semedo quando, em conjunto com a deputada Catarina Martins, apresentou a Moção A à VIII Convenção do partido, em Setembro passado. Francisco Louçã reforça agora o desafio, insistindo na urgência de um “Governo de esquerda para romper com a <i>troika</i>”. “Nós não queremos que um próximo Governo que resulte do colapso óbvio desta coligação, que não se entende, seja um Governo às ordens da <i>troika</i>. Porque se o for, é um Governo pior ainda que o de Passos Coelho”, argumentou.

Francisco Louçã desafiou o PS a esclarecer a sua posição quanto ao memorando assumido com o FMI, BCE e Comissão Europeia, numa altura em que o primeiro-ministro deixou um convite ao PS para se juntar ao Governo na discussão e refundação do memorando de entendimento com a <i>troika</i>. “O PS tem que tomar uma decisão. É preciso dizer que o memorando acabou. Não fujam à responsabilidade. Tudo o que está a contecer a Portugal começou naquele memorando”, defendeu, assegurando que o BE não vai entrar em “jogos políticos” e que recusará um futuro Executivo sem que sejam cumpridas as quatro condições exigidas.

Questionado sobre se estaria disponível para entrar para a equipa de um futuro Governo de esquerda, Louçã admitiu que sim, sem pormenorizar. “Ainda estamos longe disso. Mas estou absolutamente disponível para que esse Governo se concretize”.

E o actual Governo de coligação PSD/CDS como vai cair? “Este Governo pode cair se o Presidente o permitir. Acho improvável. Acho improvável que o Presidente da República leve o Orçamento do Estado [para 2013] ao Tribunal [Constitucional]”, respondeu. Para Louçã se a proposta de Orçamento for enviada para o Tribunal Constitucional, e for chumbada, “o Governo cai”, mas sem uma iniciativa presidencial o dirigente bloquista diz que cabe aos restantes partidos com assento parlamentar exigir a fiscalização do documento.

O bloquista acredita ainda que com manifestações como a registada a 15 de Setembro, “a maior festa popular desde o 25 de Abril”, é possível atingir o Governo. Louçã lembra nesse sentido o recuo decidido dias depois quanto à Taxa Social Única.

Uma semana depois de renunciar ao mandato de deputado e em vésperas de passar a liderança do Bloco, Louçã tem apenas um desejo: “Quero a demissão do Governo. Quero a demissão de todos os ministros”.