Francisco Louçã impõe condições para formar um Governo de esquerda
Antes de uma aliança tripartida, o Bloco exige ao PS que tome uma decisão definitiva quanto ao memorando com a <i>troika</i>. Em entrevista à Antena 1, Louçã acredita ser possível criar um Governo de ruptura. A concretizar-se estaria disponível para ser ministro.
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Antes de uma aliança tripartida, o Bloco exige ao PS que tome uma decisão definitiva quanto ao memorando com a <i>troika</i>. Em entrevista à Antena 1, Louçã acredita ser possível criar um Governo de ruptura. A concretizar-se estaria disponível para ser ministro.
Ruptura com o memorando, corte na dívida, recuperação dos salários e das pensões e o controlo do crédito publico. São estas as quatro condições impostas pelo Bloco de Esquerda para se juntar ao PCP e ao PS na formação de um Governo. E têm de ser cumpridas na íntegra, alerta Francisco Louçã. “Se qualquer destas quatro condições falhar esse Governo de esquerda transforma-se numa tragédia de direita”.
A proposta de uma coligação BE/PCP/PS tinha sido avançada pelo dirigente bloquista João Semedo quando, em conjunto com a deputada Catarina Martins, apresentou a Moção A à VIII Convenção do partido, em Setembro passado. Francisco Louçã reforça agora o desafio, insistindo na urgência de um “Governo de esquerda para romper com a <i>troika</i>”. “Nós não queremos que um próximo Governo que resulte do colapso óbvio desta coligação, que não se entende, seja um Governo às ordens da <i>troika</i>. Porque se o for, é um Governo pior ainda que o de Passos Coelho”, argumentou.
Francisco Louçã desafiou o PS a esclarecer a sua posição quanto ao memorando assumido com o FMI, BCE e Comissão Europeia, numa altura em que o primeiro-ministro deixou um convite ao PS para se juntar ao Governo na discussão e refundação do memorando de entendimento com a <i>troika</i>. “O PS tem que tomar uma decisão. É preciso dizer que o memorando acabou. Não fujam à responsabilidade. Tudo o que está a contecer a Portugal começou naquele memorando”, defendeu, assegurando que o BE não vai entrar em “jogos políticos” e que recusará um futuro Executivo sem que sejam cumpridas as quatro condições exigidas.
Questionado sobre se estaria disponível para entrar para a equipa de um futuro Governo de esquerda, Louçã admitiu que sim, sem pormenorizar. “Ainda estamos longe disso. Mas estou absolutamente disponível para que esse Governo se concretize”.
E o actual Governo de coligação PSD/CDS como vai cair? “Este Governo pode cair se o Presidente o permitir. Acho improvável. Acho improvável que o Presidente da República leve o Orçamento do Estado [para 2013] ao Tribunal [Constitucional]”, respondeu. Para Louçã se a proposta de Orçamento for enviada para o Tribunal Constitucional, e for chumbada, “o Governo cai”, mas sem uma iniciativa presidencial o dirigente bloquista diz que cabe aos restantes partidos com assento parlamentar exigir a fiscalização do documento.
O bloquista acredita ainda que com manifestações como a registada a 15 de Setembro, “a maior festa popular desde o 25 de Abril”, é possível atingir o Governo. Louçã lembra nesse sentido o recuo decidido dias depois quanto à Taxa Social Única.
Uma semana depois de renunciar ao mandato de deputado e em vésperas de passar a liderança do Bloco, Louçã tem apenas um desejo: “Quero a demissão do Governo. Quero a demissão de todos os ministros”.