Furacão Sandy mais perto de terra e mais forte
Nova Iorque, a cidade que nunca dorme, parou. Manhattan acordou nesta segunda-feira como uma ilha fantasma, à espera da tempestade que, segundo algumas previsões, poderá ser a mais forte de sempre a atingir território norte-americano. Os transportes estão parados, as escolas fechadas, o alerta em nível máximo.
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Nova Iorque, a cidade que nunca dorme, parou. Manhattan acordou nesta segunda-feira como uma ilha fantasma, à espera da tempestade que, segundo algumas previsões, poderá ser a mais forte de sempre a atingir território norte-americano. Os transportes estão parados, as escolas fechadas, o alerta em nível máximo.
O furacão já foi rebaptizado como Frankenstorm, devido à força que a tempestade (storm em inglês) pode ter – e em alusão a Frankenstein, o personagem de terror que liga muito bem à festa do Halloween, que está aí mesmo à porta e se celebra de quarta para quinta-feira.
A seriedade do momento pode ser avaliada também pelas reacções de precaução, que mobiliza forças municipais, estaduais e federais. O Presidente Barack Obama, que teve de anular iniciativas de campanha, lançou um vivo apelo para que as pessoas tomem todas as precauções. "Esta tempestade é grave e grande" declarou Obama, depois de uma reunião com a Protecção Civil, em Washington.
A vida de cerca de 50 milhões de pessoas pode ser afectada pelo furacão Sandy, classificado como sendo de categoria 1 neste momento em que ainda paira sobre o Atlântico. É este o número de pessoas que vive ou se encontra nesta altura na área que está dentro do percurso e do alcance do furacão. São moradores que passaram as últimas horas a proteger casas ou a fugir das zonas baixas e costeiras – onde a água é tão ou mais perigosa que o vento; são passageiros que ficaram retidos ou a meio da viagem porque o sistema público de transporte e toda a aviação civil parou para evitar problemas.
Para já, o Sandy é menos poderoso que o Katrina, que devastou Nova Orleães em 2005. Porém, as previsões indicam que o furacão ainda não mostrou todo o seu poder destrutivo. Isso mesmo foi confirmado pelo relatório das autoridades emitido às 5h locais: o furacão estava a ganhar força à medida que se aproximava da terra, à razão de 24 km/h; os ventos chegaram aos 140km/h, contra os 120km/h registados três horas antes.
Segundo a agência Reuters, a guarda costeira teve de intervir ao largo da Carolina do Norte, onde uma réplica do veleiro Bounty se encontrava em dificuldades. Das 16 pessoas a bordo, 14 foram resgatadas, com a ajuda de helicópteros. Os outros dois tripulantes continuam desaparecidos. O barco localizava-se a 260 km do centro do furacão.
Wall Street fechada pela primeira vez desde 2001No domingo,
mayor
de Nova Iorque, Michael Bloomberg, anunciou a retirada de 375 mil pessoas das zonas baixas da cidade. E pela primeira vez desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001,
a bolsa de Nova Iorque está fechadanesta segunda-feira. É possível que esta medida se estenda até terça-feira (ainda não foi dada a confirmação).
Desde as 19h de domingo que o metro de Nova Iorque está encerrado. As 1759 escolas da cidade não vão abrir no início desta semana. Milhares de pessoas estão presas em aeroportos, de Washington a Boston. Entre domingo e terça-feira, há 8000 voos cancelados, segundo o site FlightAware.
Também o Governador Jack Markell, do pequeno estado de Delaware, abaixo de New Jersey, anunciou a evacuação obrigatória das regiões costeiras do estado, o que equivale a cerca de 50.000 pessoas.
O furacão - que já causou 66 mortos na sua passagem pelas Caraíbas - só irá atingir a costa dos Estados Unidos segunda-feira à tarde, algures entre Maryland e Nova Inglaterra. Mas devido à sua dimensão, a tempestade já se faz sentir desde a véspera na costa.
O pior cenário possívelMeteorologistas ouvidos pela Associated Press temem “o pior cenário possível”. Numa cidade como Nova Iorque a grande preocupação não são os ventos mas a água: ondas gigantes e marés altas que, combinadas com chuvas torrenciais, causarão inundações, explicou , Louis Uccellini, director de previsões metereológicas da agência nacional para os oceanos e a atmosfera.
Segundo Rick Knabb, director do Centro Nacional para os Furacões, a água pode subir entre 1,8 metros e 3,4 metros nas zonas costeiras de Nova Iorque e New Jersey.
No site do The New York Times é possível perceber, num mapa, quais foram as zonas evacuadas e as que estão em perigo, assim acompanhar o céu da cidade, em fotografias tiradas a cada 60 segundos por câmaras instaladas no edifício da redacção, no 51.º piso da 8.ª Avenida, em Manhattan.
Além de Nova Iorque, cidades como Boston, Baltimore, Washingtonou Filadélfia irão ser afectadas pela tempestade. Prevê-se que o Sandy provoque chuvas intensas com uma altura de 30 centímetros em algumas áreas, e até fortes nevões no interior do continente, quando continuar a sua trajectória para norte. Na costa, o maior perigo é as inundações que podem prolongar-se durante várias marés.
Mais de 50 milhões serão afectadosA Casa Branca estima que entre 50 e 60 milhões de pessoas serão afectadas pelo furacão.
O Presidente Barack Obama decidiu cancelar as viagens a Virgínia, na segunda-feira, e ao Colorado, na terça-feira, onde iria participar em comícios eleitorais para as eleições presidenciais a 6 de Novembro.
Em vez disso, não sairá de Washington, onde vai estar a acompanhar os efeitos da tempestade. Mitt Romney, o candidato republicano, também desistiu do comício na Virgínia marcado para este domingo, quando se começou a sentir a tempestade, e, em vez disso, fará campanha no Ohio.
Nas Caraíbas, aquela que poderá ser a maior tempestade de sempre a atingir os Estados Unidos já causou a morte de 66 pessoas, na passagem por Cuba e pelo Haiti, a 24 e 25 de Outubro.
O furacão continuou a subir o Atlântico e acabou por se fundir com uma corrente de ar árctico que potenciou a sua força. Às 3h deste domingo, estava a 490 quilómetros da Carolina do Norte, com ventos máximos de 120 quilómetros por hora e a mover-se a 22 quilómetros por hora.
Os ventos mais fortes, que atingem velocidades de furacão, afectam uma área de 165 quilómetros de diâmetro, mas os ventos com forças de tempestade tropical estendem-se a uma área com diâmetro de 1125 quilómetros. “Não há hipótese de se evitar uma tempestade significativa”, disse Rick Knabb à agência Reuters. “Só não conseguimos localizar com precisão quem vai apanhar com a pior parte.”
A última grande tempestade a atingir o país foi o furacão Irene, em Agosto de 2011,que provocou estragos num valor de 12,2 mil milhões de euros. Sandy promete ser pior.
Última actualização às 14h44 de 29 de Outubro