O júri do DocLisboa rendeu-se às terras de ninguém
Na competição internacional, o júri composto pelo realizador Andrei Ujica, pelos programadores Anabela Moutinho, Nicole Brenez e Adrian Martin, e pelo artista plástico João Tabarra mostrou uma concepção bastante tradicionalista do documentário nos quatro outros prémios que atribuiu além do Grande Prémio Cidade de Lisboa a Three Sisters.Tratam-se de filmes que abordam as consequências humanas de decisões políticas mais do que falar directamente desses processos políticos. De fora do palmarés ficaram obras mais abertamente politizadas (como Vers Madrid, de Sylvain George) ou formalmente ousadas (como A Última Vez que Vi Macau, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata).
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Na competição internacional, o júri composto pelo realizador Andrei Ujica, pelos programadores Anabela Moutinho, Nicole Brenez e Adrian Martin, e pelo artista plástico João Tabarra mostrou uma concepção bastante tradicionalista do documentário nos quatro outros prémios que atribuiu além do Grande Prémio Cidade de Lisboa a Three Sisters.Tratam-se de filmes que abordam as consequências humanas de decisões políticas mais do que falar directamente desses processos políticos. De fora do palmarés ficaram obras mais abertamente politizadas (como Vers Madrid, de Sylvain George) ou formalmente ousadas (como A Última Vez que Vi Macau, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata).
Ainda assim, o Prémio Especial do Júri, destinado à longa-metragem mais inovadora a concurso, coube a um dos títulos mais desafiadores do certame: The Anabasis of May and Fusako Shigenobu, Masao Adachi and 27 Years Without Images, do francês Éric Baudelaire, sobre as memórias de um grupo activista exilado japonês. Dentro do Prémio Especial, o júri atribuiu ainda uma menção especial ao búlgaro Ilian Metev por Sofia's Last Ambulance, que filma o quotidiano de uma ambulância das urgências de Sofia como se estivéssemos numa ficção. A melhor curta foi Dusty Night, onde o afegão Ali Hazara acompanha uma noite de trabalho dos varredores de Cabul.
Já a competição nacional foi literalmente “varrida” pelo excelente filme de Salomé Lamas, que havia igualmente vencido em Vila do Conde 2012 na categoria documental com A Comunidade. Para além de melhor longa-metragem a concurso, Terra de Ninguém venceu ainda os galardões de melhor primeira obra e o Prémio Escolas. O júri, formado pela realizadora Samira Makhmalbaf, pela investigadora Celeste Araújo e pelo programador Jean-Pierre Rehm, optou na categoria por premiar obras menos ortodoxas formalmente, cuja construção levanta interrogações sobre a própria forma do documentário.
Para o júri, a melhor curta-metragem a concurso foi Aux Bains de la Reine, onde os luso-suiços Maya Kosa e Sérgio da Costa exploram a história das Caldas da Rainha. Foram ainda atribuídas duas menções especiais: em longas, a Amanhecer a Andar, onde Sílvia Firmino filma as vidas dos habitantes do antigo Grande Hotel da Beira em Moçambique, e em curtas a A Nossa Casa, de João Rodrigues, sobre o modo como os Açores eram vistos há cem anos por expatriados ingleses.
O palmarés consta ainda de quatro outros prémios: Investigações, de entre os filmes apresentados naquela secção (ao italiano Un Mito Antropologico Televisivo, sobre o lado insidioso da cultura televisiva); Revelação, entregue à melhor primeira obra mostrada no concurso internacional e nas secções Investigações e Riscos (Espoir Voyage, sobre a emigração africana para França); Universidades, escolhido de entre a competição internacional (Babylon, dos tunisinos Youssef Chebbi, Ismaël e Ala Eddine Slim); e CPLP, ao melhor filme oriundo dos países de língua portuguesa (Cativeiro, do português André Gil Mata).
Os filmes premiados poderão ainda ser vistos amanhã, domingo. O Grande Auditório da Culturgest mostrará Un Mito Antropologico Televisivo (16h30), Terra de Ninguém e Aux Bains de la Reine (19h00) e Three Sisters e Dusty Night (21h30), enquanto o Pequeno Auditório da Culturgest exibirá Espoir Voyage (21h15) e o cinema São Jorge Cativeiro (19h00).