Coveiros de Belas, em Sintra, suspeitos de fazerem tiro ao alvo com caveiras
Foi em Janeiro deste ano que o autarca socialista recebeu a chamada telefónica a alertar para os tiros que se ouviam no cemitério, a maioria das vezes "depois do almoço". Segundo contou Guilherme Dias, na sequência da denúncia, "não queria acreditar, mas as armas foram encontradas na vala comum".
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Foi em Janeiro deste ano que o autarca socialista recebeu a chamada telefónica a alertar para os tiros que se ouviam no cemitério, a maioria das vezes "depois do almoço". Segundo contou Guilherme Dias, na sequência da denúncia, "não queria acreditar, mas as armas foram encontradas na vala comum".
O cemitério da freguesia possui duas valas comuns, que consistem em depósitos subterrâneos, aos quais se acede através de um alçapão e onde, explicou o autarca, "são guardadas as ossadas levantadas das sepulturas que os familiares não querem transferir" para espaço apropriado.
"Os quatro coveiros negaram que andavam aos tiros às caveiras, mas algumas apresentavam vestígios de tiros", adiantou Guilherme Dias, acrescentando que eram duas - uma pistola e uma espingarda - as armas entregues às autoridades policiais, ambas "de ar comprimido adaptadas para cartuchos de nove e 12 milímetros". O autarca classificou como "macabro" o entretenimento dos coveiros e participou o caso às autoridades por configurar um crime de profanação de cadáver.
Dos quatro suspeitos, apenas um dos coveiros continua ao serviço no cemitério, enquanto outro, o mais velho do grupo, foi transferido para os jardins. Guilherme Dias justificou a permanência ao serviço dos funcionários "enquanto não se apurar quem andou aos tiros", o que depende das conclusões do processo judicial. Um coveiro desapareceu após a descoberta do caso e outro acabou por ser "despedido após um inquérito relacionado com uma burla a uma idosa", envolvendo o arranjo de uma sepultura.
Após os incidentes, a junta de freguesia contratou dois novos coveiros para trabalharem, juntamente com o mais novo dos suspeitos de envolvimento do tiroteio, no cemitério da freguesia.
O autarca de Belas lamentou a situação e notou ser impossível determinar a quem pertenciam as ossadas, uma vez que já se encontravam nas valas comuns. Uma fonte policial, citada pela agência Lusa, confirmou que a PSP já identificou os suspeitos e recolheu material de prova, como as ossadas e as armas que terão sido usadas na prática de tiro ao alvo. "Os coveiros estariam a utilizar ossadas e a vandalizá-las. Estavam a ser utilizadas para fazer tiro ao alvo com armas de ar comprimido", referiu a mesma fonte da PSP.
A denúncia do presidente da junta de freguesia deu origem a um processo de investigação que corre termos no Tribunal de Sintra.
Notícia substituída às 9h30:substitui notícia da agência Lusa por texto próprio