Jovens designers de moda mostram criações no Porto
De 21 a 27 de Outubro cerca de 50 peças do colectivo UNEQUAL vão estar expostas no Palácio das Artes - Fábrica de Talentos
A actual crise económica não derrubou os sonhos — nem o empreendedorismo — de oito jovens portuenses finalistas do Curso de Design de Moda do Centro de Formação Profissional do Têxtil e do Vestuário (MODATEX). A partir de 21 de Outubro, expõem as colecções individuais no Palácio das Artes – Fábrica de Talentos e esperam que o evento seja uma “boa rampa de lançamento” que mostre a criatividade e qualidades das peças.
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A actual crise económica não derrubou os sonhos — nem o empreendedorismo — de oito jovens portuenses finalistas do Curso de Design de Moda do Centro de Formação Profissional do Têxtil e do Vestuário (MODATEX). A partir de 21 de Outubro, expõem as colecções individuais no Palácio das Artes – Fábrica de Talentos e esperam que o evento seja uma “boa rampa de lançamento” que mostre a criatividade e qualidades das peças.
O colectivo UNEQUAL é constituído por Ivan Almeida, Ania Guerra, Cátia Carvalheira, Joana Santos, Maria Martins, Rita Afonso, Vanessa Gonçalves e Vítor Gouveia. A ideia inicial do projecto partiu de Ivan, um jovem de 20 anos que, após ter visto o seu projecto “Pas De Burcroix” premiado pelo público na 8.ª edição do Concurso de Design de Moda AcrobActic, decidiu investir o dinheiro do prémio na criação de uma Exposição de Jovens Designers de Moda no Porto.
O objectivo criativo passa pelo desenvolvimento de um evento que permita que a moda seja vista a partir de uma nova perspectiva. Ivan Almeida não quer que a exposição seja “rotulada como mais um desfile de 'shopping'”, por isso vai destacar-se por ser “diferente”. Apesar da ausência do tradicional desfile, as peças vão estar expostas permitindo que o público tenha um contacto mais directo com as mesmas, uma vez que vão poder vesti-las e até comprá-las.
Peças diferentes e criativas
As 50 peças que vão estar expostas são todas diferentes e mostram a veia criativa de cada um dos seus autores. O P3 falou com quatro dos designers participantes que adiantaram algumas das tendências que o público vai poder encontrar. Por exemplo, Ivan Almeida conta que a sua principal inspiração vem do Tumblr, pelo que a sua colecção é “feminina e andrógina”. Os principais elementos a notar são as “plataformas, os capuzes e os padrões azuis” inspirados nos cabelos ombré.
Já Maria Martins apresenta uma colecção que gira à volta do conceito “Urban Ballerina”, inspirado no ballet contemporâneo. Destaca que a sua ideia foi “criar uma silhueta elegante e sofisticada para o dia-a-dia da mulher citadina”. Para tal, a utilização de “tecidos fluídos” foi essencial para reproduzir nas peças o movimento que a dança transmite.
Da delicadeza do ballet passamos para Vítor Gouveia, que desenvolveu uma colecção inspirada no artista norte-americano, Richard Serra, conhecido por criar esculturas em aço corten. Seguindo essa linha criativa, as tonalidades laranja, castanho, dourado e prata vão ser uma constante nos vestuários. Os acessórios também não vão faltar, nomeadamente malas feitas a partir de plástico.
Rita Afonso refere, também, que as suas peças “são inspiradas na arquitectura das igrejas do norte de Portugal”. Desta forma, a sua aposta passa pela "conjugação de cores sóbrias e escuras com cores mais vivas". Esta colecção já conseguiu passar fronteiras, uma vez que chegou a ser apresentada no London Fashion Week deste ano.
Ainda há futuro na moda em Portugal
Portugal tem visto a sua indústria têxtil a destacar-se pela sua qualidade, não só a nível nacional, como internacional. De facto, composto por cerca de sete mil empresas que dão trabalho a mais de 130 mil pessoas, o sector têxtil português tem sido um dos poucos casos de sucesso nestes tempos de crise, representando quase 10% das exportações nacionais.
Face a estas estatísticas, o colectivo UNEQUAL quer acreditar que ainda existe a possibilidade de vingar dentro do mundo da moda no país. Rita Afonso refere que “há futuro nas áreas criativas nacionais”. Contudo, considera que, ainda, é necessário fazer “um pouco mais dentro do mercado”, sobretudo através da “criação de designs cada vez mais diferentes e criativos e menos técnicos”, de modo a que a visibilidade no estrangeiro comece a ser cada vez maior.
Vítor Gouveia salienta que uma barreira que os jovens podem encontrar quando embarcam no mercado de trabalho é “o círculo fechado” criado em volta da moda, o que torna difícil, não só entrar, como subsistir no sector. Acrescenta que “os jovens criadores portugueses são bons”, mas apenas “precisam de um empurrão” para terem um melhor futuro profissional.