Carlota tem 16 anos e já está na Academia de Bolshoi
Tem aulas de dança desde os seis anos e depois da Escola de Dança do Conservatório Nacional, em Lisboa, espera-a a Academia de Bolshoi, em Moscovo
Carlota Rodrigues vai juntar-se a mais dois jovens portugueses numa das mais prestigiadas academias de ballet do mundo, a Academia de Bolshoi, na capital russa. A jovem portuguesa de apenas 16 anos está em Moscovo há poucos dias e falou ao P3 antes da viagem.
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Carlota Rodrigues vai juntar-se a mais dois jovens portugueses numa das mais prestigiadas academias de ballet do mundo, a Academia de Bolshoi, na capital russa. A jovem portuguesa de apenas 16 anos está em Moscovo há poucos dias e falou ao P3 antes da viagem.
A dançar desde os seis anos, Carlota frequentou a Escola de Dança do Conservatório Nacional (EDCN), em Lisboa, desde o 5.º ano do ensino básico ao 10.º, do secundário. Um curso de três semanas em Nova Iorque, o Bolshoi Summer Intensive New York, que fez este Verão, garantiu-lhe o convite para a Rússia. Na cidade norte-americana, Carlota conheceu alguns dos professores da academia e fez “imensos progressos, só em três semanas”. Recebeu, depois, um e-mail a informar que tinha sido admitida para a escola russa e nem queria acreditar.
Viajou sozinha até a Rússia (“Os voos são caros e os vistos de um só dia também, por isso os meus pais não conseguiram ir comigo”) para encontrar dois rapazes, também da EDCN, que frequentaram o mesmo curso nos EUA, no Verão de 2011, um ano mais à frente. Para já vai lá ficar em Moscovo até ao Natal, quando espera regressar a Portugal, e depois até ao final do ano lectivo. “Mas a minha ideia era conseguir ficar mais três anos, para me formar na Academia como bailarina”, apressa-se a dizer.
Bailarina procura apoios
O problema são os custos de tal formação: a Academia de Bolshoi apenas atribui bolsas a estudantes russos, pelo que apenas os pais de Carlota estão a pagar as propinas. E são mais de 15 mil euros por ano lectivo. Para procurar apoios financeiros, Carlota decidiu apostar numa ideia a custo zero. Criou um blogue, "Carlota no Bolshoi", para contar as suas “aventuras em Moscovo”; ainda não está completamente operacional, mas o objectivo é que a bailarina partilhe o seu dia-a-dia e os seus progressos.
Esta jovem lisboeta que adora fazer praia — e, por isso mesmo, admite não estar preparada para o frio do Inverno russo — dança há anos um mínimo de três horas por dia. Facilmente atinge as seis em alturas mais exigentes. Em pequena, Carlota preferia a dança contemporânea, mas agora está a “criar mais gosto pelo clássico”.
“O ballet é tão rígido com as suas linhas e a técnica que acaba por ser um desafio constante, todos os dias. E depois, a par dessa rigidez, temos de conseguir transmitir delicadeza ao público, como se o que estivéssemos a fazer fosse muito fácil.”
Assim que as aulas começarem, Carlota vai integrar uma turma de russo para estrangeiros, para que o choque com a nova língua não seja tão forte. Ainda assim, esta questão não a preocupa. “Nas aulas de dança, mesmo que não perceba o russo, ballet é universal, vou conseguir comunicar”, diz. O objectivo a média prazo é participar no espectáculo final do ano lectivo.