Silva Lopes: previsões do Governo são “uma coisa imaginária”

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Antigo ministro das Finanças não acredita nas previsões de Vítor Gaspar Nuno Ferreira Santos

Para Silva Lopes, as estimativas macroeconómicas do Governo “correm o risco de ser demasiado optimistas”. Durante uma conferência sobre o Orçamento do Estado para 2013 organizada pelo Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa, o economista afirmou não acreditar nas previsões de Vítor Gaspar porque a “enorme” carga fiscal “vai retirar poder aquisitivo aos consumidores”, ficando, assim, “com a impressão de que o consumo vai descer mais do que aquilo que o Governo promete”.

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Para Silva Lopes, as estimativas macroeconómicas do Governo “correm o risco de ser demasiado optimistas”. Durante uma conferência sobre o Orçamento do Estado para 2013 organizada pelo Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa, o economista afirmou não acreditar nas previsões de Vítor Gaspar porque a “enorme” carga fiscal “vai retirar poder aquisitivo aos consumidores”, ficando, assim, “com a impressão de que o consumo vai descer mais do que aquilo que o Governo promete”.

Silva Lopes perguntava, na sua intervenção, se as pessoas vão ter dinheiro para pagar impostos e respondia: “Tenho algum receio que haja muita gente que não tenha dinheiro para pagar estes impostos”.

Os impostos sobre os rendimentos em 2012 estão com uma queda de 8,7%, para o próximo ano as receitas vão aumentar 17% em termos reais. “É possível passar de uma descida de quase 9% para uma subida de quase 17% num ano?”, questionou Silva Lopes.

Para exemplificar, socorreu-se da receita fiscal que este ano está a cair 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB), quando o Governo prevê para 2013 um aumento de 5,4%: “Se isso acontecer, é obra!”.

Outro exemplo dado pelo economista foi em relação ao investimento, que está a descer 10% do PIB, quando o Governo prevê para o próximo ano que suba 8%. “Oxalá que sim, não sei como, a não ser que haja uma mudança enorme nas políticas de crédito dos bancos que não têm dinheiro para emprestar”.

José Silva Lopes disse ainda que vai estar presente nas manifestações quando visarem os políticos europeus e, nomeadamente, a chanceler alemã, Angela Merkel. “Compreendo que haja agora manifestações quase todos os dias, mas estas manifestações deviam ser contra a senhora Merkel e outros políticos da União Europeia que nos andam a por este garrote”, afirmou o ex-ministro das Finanças.

Referindo-se às declarações da presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que admitiu que terá ido longe demais com a austeridade, Silva Lopes interpretou como um sinal aos dirigentes europeus.“O que a senhora Lagarde estava a dizer é que é preciso menos austeridade na Europa e se houver menos austeridade na Europa haverá mais margem para Portugal, Espanha, Grécia, etc respirarem um pouco”.

Silva Lopes afirmou que a austeridade “é dolorosa, é lamentável, mas só nos livramos dela se a Europa deixar de nos apertar tanto”. Quando houver manifestações contra as políticas de austeridade da Europa, lá estará, rematou.

A chanceler alemã vai estar em Portugal no dia 12 de Novembro.

Notícia actualizada às 15h00

Acrescenta declarações sobre manifestações contra Angela Merkel