E o livro entrou na era dos videojogos...

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Os Angry Birds vão ajudar a ensinar às crianças física quântica Peter Hirth/Frankfurter Buchmesse

A Feira do Livro de Frankfurt fecha hoje as portas mas os seus corredores nunca chegaram a encher. No sábado andar pelos corredores do Pavilhão 8, onde se concentram os editores de língua inglesa e sempre se fizeram grandes negócios, era desolador se tivermos memória do que a feira já foi.

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A Feira do Livro de Frankfurt fecha hoje as portas mas os seus corredores nunca chegaram a encher. No sábado andar pelos corredores do Pavilhão 8, onde se concentram os editores de língua inglesa e sempre se fizeram grandes negócios, era desolador se tivermos memória do que a feira já foi.

O frenesim de outros tempos, em que todos andavam a comprar alguma coisa ou à procura do "livro da feira", desapareceu. As editoras que ainda vieram a Frankfurt trouxeram equipas mais pequenas e estiveram menos tempo na feira.

A literatura erótica é a nova tendência, mas todos sabem que não durará mais de um ano e que os livros publicados após o sucesso da trilogia da britânica E.L. James, mesmo que sejam literariamente melhores, não conseguirão vender tanto. No entanto, os editores portugueses vão sair daqui com livros que copiam ou se inspiram na ideia de As Cinquenta Sombras de Grey. Por exemplo, foi comprada para Portugal a série Eighty Days Yellow, Eighty Days Blue e Eighty Days Red, de Vina Jackson, que se sabe ser um pseudónimo de dois escritores.

Uma das obras que mais burburinho tem causado na feira é Not That Kind of Girl: A Young Woman Tells You What She"s Learned, de Lena Dunham, a actriz e criadora da série de televisão Girls da HBO e que tem 26 anos. É um livro que ela ainda não escreveu e que já foi comprado pela norte-americana Random House por 3 milhões e 700 mil dólares. Na feira os agentes estão a mostrar aos editores 66 páginas do livro, que mistura conselhos e ensaios sobre comida, trabalho, sexo e viagens.

Por onde fazer dinheiro?
O negócio do livro está a mudar e a feira também mudou. É como se os editores soubessem que perderam a batalha digital – quando deixaram que agentes como a Amazon, a Google e a Apple tomassem conta do assunto – e estejam agora a olhar para todos os lados para descobrir como vão continuar a fazer dinheiro no futuro. Depois de ter sido criada a zona Gourmet Gallery, dedicada aos livros de cozinha e de chefs, que não tem parado de crescer nos últimos anos, a novidade desta edição é a Travel Gallery, dedicada às viagens e ao turismo.

Mas as grandes mudanças são mais visíveis nas áreas da literatura infantil e dos jovens adultos. Aí se percebe que já não se trata de um negócio de livros ou de literatura tal como os conhecemos. Depois dos livros-jogos e dos livros-brinquedos (que já não eram bem livros); depois das aplicações para iPad e dos ebooks interactivos, chegaram os videojogos livros.

É o caso de Wonderbook, da Sony, uma consola com funcionalidades de realidade aumentada que inclui o livro-jogo Book of Spells feito em colaboração com a escritora J. K. Rowling e que está a ser apresentado nesta feira de Frankfurt. A história não é de Harry Potter mas tem a ver com feitiços e com a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O comando da PlayStation 3 transforma-se no ecrã numa varinha de condão que lança feitiços usando a tecnologia de realidade aumentada.

O Wonderbook parece um livro de cartão mas em vez de ter palavras e imagens nas suas páginas tem códigos. Ao folhear-se o livro vai-se vendo projectado na televisão ilustrações e texto. O livro ganha vida animada e a imagem de quem joga também aparece projectada no ecrã. Em cada capítulo há um texto de J. K. Rowling, a que faltam palavras e os leitores vão descobrindo, ao mesmo tempo que têm de aprender a fazer feitiços.

Também a empresa finlandesa Rovio, que desenvolveu o jogo Angry Birds, está em Frankfurt a lançar a sua primeira book app que já pode ser descarregada através do iTunes a um preço especial de lançamento. Chama-se Bad Piggies' Best Egg Recipes e é uma espécie de livro de cozinha para crianças com receitas e ilustrações numa versão interactiva.

A Rovio anunciou que também iniciou uma colaboração com o CERN para a área da educação para conseguirem ensinar às crianças física quântica de uma forma fácil e divertida com o Angry Birds. Umas das áreas da feira é dedicada à "sala de aula do futuro". Para que os editores saibam de que forma podem adequar os seus conteúdos à educação dos alunos no futuro. São estes os novos modelos de negócio de que falava o director da feira, Juergen Boos, há quatro dias. Em Frankfurt