Três das 50 melhores capas de livros do mundo são portuguesas

A distinção foi atribuída pelo American Institute of Graphic Arts no concurso 50 Books/50 Covers: Celebrating Book Design

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Em 2009, João Bicker já tinha sido distinguido com o Prémio Nacional de Design - uma distinção que esteve interrompida oito anos (e está de novo há dois) e teve por isso um lado excepcional. Antes e depois houve outras distinções. Agora o designer soube que o seu atelier Ferrand, Bicker & Associados (FBA), em Coimbra, desenhou três das 50 melhores capas de livros do mundo. São escolhas da associação profissional de design, o AIGA (American Institute of Graphic Arts), no concurso 50 Books/50 Covers: Celebrating Book Design, criado como forma de celebrar o desempenho no desenho editorial.

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Em 2009, João Bicker já tinha sido distinguido com o Prémio Nacional de Design - uma distinção que esteve interrompida oito anos (e está de novo há dois) e teve por isso um lado excepcional. Antes e depois houve outras distinções. Agora o designer soube que o seu atelier Ferrand, Bicker & Associados (FBA), em Coimbra, desenhou três das 50 melhores capas de livros do mundo. São escolhas da associação profissional de design, o AIGA (American Institute of Graphic Arts), no concurso 50 Books/50 Covers: Celebrating Book Design, criado como forma de celebrar o desempenho no desenho editorial.

Fundado há quase 100 anos, o AIGA apresenta-se como uma associação pensada para reconhecer a excelência no design. Neste, como noutros concursos, avalia a qualidade visual mas também a eficácia. E é isso que torna a distinção ainda mais apelativa para este atelier de Coimbra habituado a trabalhar em livros de "colecções comerciais pensadas pera o mercado", diz João Bicker.

"Não são edições especiais, nem livros de artistas, não são feitos com materiais específicos, nem com um orçamento mais alargado", acrescenta o designer em entrevista ao PÚBLICO. São livros que respondem à pressão, à exigência, à necessidade do cliente. "Essa é a forma como vemos o design. O nosso trabalho consiste em responder a problemas."

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João Bicker e Ana Boavida FBA/Sérgio Azenha

O prémio do AIGA agrada-lhe especialmente por isso. "É muito mais interessante estar num patamar onde há limitações, de tempo, de orçamento, e ver que o produto de design que daí resulta está entre os melhores do mundo."

O trabalho deste atelier já tinha sido distinguido neste concurso com capas de obras publicadas em 2009 e 2010, nas colecções Temas de Psicanálise (edições Almedina) e com a colecção Minotauro (Edições 70) de literatura contemporânea espanhola, ambas da autoria da designer Ana Boavida.

O prémio vale como "um certificado de qualidade" do trabalho das dez pessoas (sete designers, um engenheiro informático e dois gestores de projecto) que nele trabalham (mais alguns free-lancers). E ainda mais este ano, em que o AIGA abriu o espectro das candidaturas e o próprio júri recomendou candidatos, o que engrossou a lista.

Desde que abriu portas em 1988, fruto de uma ideia de três pessoas - Bicker, a designer Maria Ferrand (que entretanto já aí não trabalha) e o gestor Alexandre Matos -, o atelier ganhou várias distinções. Tem com as Edições Almedina uma grande parte do trabalho de desenho de capa, mas também foi responsável por renovar toda a imagem das Edições 70 (do Grupo Almedina), e trabalha ainda com outras editoras, como a Fenda.

Uma história com 30 anos

Foi, aliás, para a Fenda que, obra do acaso, João Bicker começou a trabalhar quando era ainda estudante de Biologia, em 1984. Sentado a uma mesa de café, desenhava num papel. A seu lado, o editor da Fenda, Vasco Santos, que não conhecia, propôs-lhe desenhar a capa de um livro, "A Greve dos Controladores de Voo", de Jorge Sousa Braga. Foi o seu primeiro.

Dos três conjuntos de capas agora premiadas, dois são de colecções editadas pela Almedina. Foram pensadas pelo atelier e depois desenhadas por Ana Boavida.

Na Colecção Ler Melhor, que reúne guias de apoio à leitura de grandes obras de autores portugueses, como Saramago, Pessoa ou Camões, a designer torna geométrico um aspecto da cara do autor estudado (os óculos de Pessoa ou de Saramago, a pala de Camões), resume João Bicker. Na Colecção Celga, Linguagem e Comunicação, para o estudo da linguística e das ciências da comunicação, a opção visual foi representar o texto contido no título e subtítulo de forma abstracta e com essa mancha de "coisas codificadas" preencher o espaço de imagem no centro do enquadramento da capa.

Rita Marquito desenhou a Colecção Mnemosine, que reedita clássicos da literatura universal (Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Oscar Wilde) para a editora Nova Delphi, cujas capas também estão entre as 50 melhores de livros publicados no ano passado. Para a imagem da capa, a designer optou por uma pintura (e não uma fotografia), para criar "um elo de ligação com o tempo da narrativa", lê-se num texto explicativo do atelier.