Robô faz o primeiro mapa 3D do que está debaixo do gelo na Antárctida

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O submarino fez medições a 20 metros de profundidade Australian Antarctic Division

Os cientistas realizaram uma viagem de dois meses àquela região, a bordo do quebra-gelos Aurora Australis, propriedade do organismo de investigação Australian Antarctic Division.

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Os cientistas realizaram uma viagem de dois meses àquela região, a bordo do quebra-gelos Aurora Australis, propriedade do organismo de investigação Australian Antarctic Division.

A expedição Sea Ice Physics and Ecosystem eXperiment (SIPEX-2) aconteceu entre Setembro e Outubro de 2007 e reuniu cientistas da Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Japão, Nova Zelândia e Estados Unidos.

Um robô submarino, movendo-se a uma velocidade de 30 centímetros por segundo, fez um levantamento da topografia do que fica por baixo do gelo, a 20 metros de profundidade, para “saber mais sobre a espessura e volume”, dizem os cientistas num comunicado daquele organismo. Os dados foram armazenados num computador do robô e convertidos num mapa 3D.

No passado, o mais habitual era fazer perfurações no gelo ou até mesmo simples observações da camada gelada, a partir de um navio. Clay Kunz, do Instituto de Oceanografia Woods Hole, salientou que os robôs submarinos são usados normalmente para mapear o fundo do mar. “Para esta missão na Antárctida, colocámos todos os instrumentos de navegação e científicos no topo do veículo para conseguirmos fazer medições para cima e não para baixo”, explicou.

Para Guy Williams, esta missão “é um enorme passo em frente na forma como os cientistas medem a espessura do gelo no mar”. “Com este robô submarino podemos medir toda a placa de gelo com um detalhe sem precedentes”, acrescentou.

Quando os investigadores combinam o que está debaixo do gelo com as medições da neve e do gelo à superfície ficam com um mapa completo, a três dimensões, de toda a placa de gelo.

Medições aéreas da espessura do gelo no mar estão a ser realizadas por Jan Lieser, do Centro de Investigação para os Ecossistemas e Clima da Antártida. Lieser instalou a bordo de um helicóptero uma câmara digital, um radar e um sistema laser. Para ele, medir a espessura do gelo no mar é o “cálice sagrado” da ciência climática.

“A espessura do gelo no mar é tida entre os climatólogos como um dos principais indicadores da mudança. Quando soubermos de que forma a espessura do gelo no mar está a mudar, ao longo do tempo, podemos estimar a influência das alterações climáticas globais no ambiente da Antárctida”, disse Lieser. Estas alterações influenciam as correntes oceânicas do planeta e os organismos que dependem do gelo para habitat e alimentação, desde o fitoplâncton e krill.