Os peixes estão mais pequenos e ainda podem encolher mais
Águas mais quentes e com menos oxigénio fazem encolher os peixes. Investigadores dizem que as consequências de não reduzirmos as emissões de gases com efeito de estufa são maiores do que se pensava
Os peixes dos oceanos do planeta estão a ficar mais pequenos e podem ainda encolher mais por causa de águas mais quentes e com menos oxigénio, conclui um estudo publicado na última edição da revista "Nature Climate Change". Os investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, utilizaram modelos informáticos para estudar o impacto de águas mais quentes e com menos oxigénio no tamanho de 610 espécies de peixes dos oceanos do planeta.
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Os peixes dos oceanos do planeta estão a ficar mais pequenos e podem ainda encolher mais por causa de águas mais quentes e com menos oxigénio, conclui um estudo publicado na última edição da revista "Nature Climate Change". Os investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, utilizaram modelos informáticos para estudar o impacto de águas mais quentes e com menos oxigénio no tamanho de 610 espécies de peixes dos oceanos do planeta.
Concluíram, então, que o peso corporal máximo dos animais pode diminuir entre 14% e 20%, entre 2000 e 2050, segundo um cenário de elevadas emissões de gases com efeito de estufa, elaborado pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês).
A capacidade de crescimento dos peixes está limitada pela quantidade de oxigénio que existe na água. É daí que retiram grande parte da energia necessária para aumentar de tamanho. Mas quando o meio onde vivem deixa de responder às suas necessidades energéticas, os peixes deixam de crescer.
“Conseguir retirar oxigénio suficiente da água é um desafio constante para os peixes. Um oceano mais quente e com menos oxigénio, como se prevê, vai tornar mais difícil os peixes maiores obterem oxigénio suficiente, o que significa que vão parar de crescer mais cedo”, disse William Cheung, coordenador do estudo e investigador no Centro de Pescas daquela universidade canadiana. O oceano Índico será o mais afectado, seguido do Atlântico e do Pacífico.
“Ficámos surpreendidos por ver uma diminuição tão grande no tamanho dos peixes”, mesmo com uma previsão de alterações relativamente pequenas nas temperaturas no fundo do mar, admitiu Cheung. Estudos anteriores já tinham sugerido que as alterações na temperatura dos oceanos teriam impacto na distribuição de muitas espécies de peixes e na sua reprodução. Agora, investigadores olharam para o que pode acontecer ao tamanho dos animais.
“Talvez tenhamos vindo a esquecer uma peça muito importante do 'puzzle'”, acrescentou Cheung. Apesar de os autores salientarem que o estudo tem incertezas – nomeadamente as projecções sobre o clima e os oceanos -, dizem que esta é a primeira vez que se usam modelos para analisar os efeitos integrados das alterações na distribuição das espécies marinhas, abundância de populações e tamanho dos animais.
Descobriram que as mudanças nos oceanos terão “graves implicações” nas interacções entre espécies, nas funções dos ecossistemas e no abastecimento de 'stocks' piscícolas. “O estudo indica que as consequências de não reduzirmos as emissões de gases com efeito de estufa são maiores do que se pensava”, escrevem os investigadores.