Morreu "um dos melhores historiadores da sociedade contemporânea"
Para o historiador português, que lhe fez uma entrevista juntamente com José Manuel Sobral, em 1985, quando o britânico esteve em Portugal e que foi publicada nesse ano na revista “Ler História”, Hobsbawm tinha uma grande qualidade: “era um historiador que traçava grandes retratos analíticos” pensava “não no pequeno detalhe mas numa perspectiva de conjunto”.
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Para o historiador português, que lhe fez uma entrevista juntamente com José Manuel Sobral, em 1985, quando o britânico esteve em Portugal e que foi publicada nesse ano na revista “Ler História”, Hobsbawm tinha uma grande qualidade: “era um historiador que traçava grandes retratos analíticos” pensava “não no pequeno detalhe mas numa perspectiva de conjunto”.
“Com um pequeno grupo de companheiros foi responsável pela renovação da historiografia britânica e talvez pela mais importante revista desse grupo: a revista ‘Past and Present’. Ainda hoje existe e
é uma das mais consagradas revistas de história que tal como o nome indica, e uma revista interdisciplinar que procura justamente pensar o passado com as preocupações do presente.”
“Era um grande comparativista”, acrescenta o académico que considera ser essa uma das grandes características de Eric Hobsbawm, “os seus livros não eram sobre um país ou sobre uma especificidade”. Achava que “só se pode pensar a História transcendendo as fronteiras do Estado Nação”. Sobre o percurso do autor das memórias “Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX”, Costa Pinto lembra que o historiador pertenceu “à nata mais significativa da historiografia inglesa do pós-guerra, muito influenciada pelo marxismo”. Sempre foi “um grande viajante intelectual e académico, nomeadamente contactando com o melhor da historiografia francesa desse período, a chamada escola dos Annales, que teve um grande papel na historiografia europeia. Também foi um grande viajante académico nos Estados Unidos, um dos “seus poisos” nos EUA foi a The New School, criada por exilados do nazismo em Nova Iorque, uma grande escola de ciências sociais.
“Eu diria - creio que não errando pois tem sempre aquele ar de beatificação dos mortos - que foi talvez dos mais influentes criadores mundiais do pós-guerra. As suas obras tiveram uma influência muito significativa nomeadamente em Portugal onde teve mesmo uma discípula em Portugal, já falecida, a historiadora Sacuntala de Miranda, exilada em Inglaterra enquanto estudante opositora ao Salazarismo.”