Programa Artes: várias e novas formas de arte

Programa inclui exposições, música, cinema e outras artes em novas formas, tentando “abrir a ideia do que a cultura e a arte podem ser”, afirma a curadora Nathalie Ahbeck

Foto
Oscar Murillo vai apresentar Seven PosturesDR

O programa Artes é inaugurado esta quinta-feira, 27 de Setembro, e bem poderá transformar o panorama cultural do Porto. Além da vontade de levar a arte a novos públicos, o Artes, plural no nome, é também plural na sua abordagem ao mundo artístico, passando por várias áreas (como cinema, música, exposições) e por novos modos de se fazer arte.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O programa Artes é inaugurado esta quinta-feira, 27 de Setembro, e bem poderá transformar o panorama cultural do Porto. Além da vontade de levar a arte a novos públicos, o Artes, plural no nome, é também plural na sua abordagem ao mundo artístico, passando por várias áreas (como cinema, música, exposições) e por novos modos de se fazer arte.

 

"Nós decidimos que seria bom trabalhar, não apenas com arte visual, mas, por exemplo, com exibições, workshops, música, cinema", explica Nathalie Ahbeck, curadora do programa, juntamente com Paulo Vinhas e Luísa Mota.

Foto
Coro sénior vai cantar Xutos & Pontapés e António Variações Pedro Almeida

 

Foto
André Sousa vai ser um dos artistas presentes na inauguração do Artes Pedro Almeida

O objectivo principal, refere a responsável, é "tentar abrir a ideia do que a cultura e a arte podem ser". Por isso, o programa inclui criadores com trabalhos que exploram alternativas dentro de várias artes e conjugam, por vezes, áreas artísticas.

 

E isso vai poder ser visto já no arranque do programa interdisciplinar, esta quinta-feira, com a abertura da exposição de Oscar Murrillo. Entusiasmado pelos materiais, o artista de 26 anos utiliza grafite, óleo e detritos nos seus projectos, por exemplo. "Eu cresci na Colômbia, não havia computadores ou Internet, nós fazíamos coisas com as mãos, era assim que nos mantínhamos ocupados", justifica, acrescentando que gosta de permanecer ligado a esse passado.

 

O criador vai apresentar "Seven Postures", e quer ir além de uma exposição artística. Na inauguração algumas pessoas vão saltar à corda e outras podem sentar-se nas cadeiras espalhadas pelo espaço. "A ideia não é apenas vir aqui e ver quadros ou um vídeo, é envolvermo-nos, sentar e conversar. Ser parte deste espectáculo."

 

Também André Sousa vai estar presente na inauguração do Artes. O longo título da sua exposição - "Canas Ao Vento, Folhas Que Rolam, Flores Esmagadas, Areias Que Se Dispersam" - é uma referência a uma frase do livro "A Sibíla", de Agustina Bessa-Luís, e tem um carácter de "tempestade outonal, mas também de possível revolução", explica o artista, que apresenta quatro elementos escultóricos.

 

Um diálogo entre o artista e o Porto

Ocupando dois espaços no edifício Mota Galiza, a Galeria e o Pavilhão, o programa quer trazer os artistas ao Porto para que cá criem o seu trabalho. "Muitas instituições trazem o trabalho que foi feito noutro lado e apenas o mostram e nós queremos tentar fazer o trabalho aqui”, refere Nathalie Ahbeck. A presença no Porto permitirá "o desenvolvimento de uma espécie de diálogo entre o artista e a história da cidade", acredita a curadora.

 

Emily Wardill é um desses exemplos. A realizadora inglesa é a artista residente do Artes e está a produzir o filme com o título provisório "The Third Person", rodado na Invicta e que também tem o Porto como "catalisador" da própria história. As filmagens já duram há algumas semanas e a fita deverá ser apresentada no espaço do Artes em Dezembro.

 

A arte e a sociedade

O Artes é um programa criado pela Fundação Manuel António da Mota. A organização quer conhecer a reacção das pessoas, por isso, este é, para já, um programa-piloto, que vai decorrer até Março de 2013.

 

O projecto pretende chegar às pessoas que não têm acesso à arte, “não vão a galerias ou museus”, envolvendo a sociedade. Logo na inauguração, e sendo 2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade Entre Gerações, o programa vai contar com uma banda sonora especial: um coro sénior vai estar presente em Serralves para cantar Xutos & Pontapés, Édith Piaf e António Variações. “O objectivo é que seja um momento em que eles se possam sentir activos e romper com os pressupostos de que os idosos cantam músicas tradicionais, do tempo em que eram jovens”, afirma Tiago Mota, um dos responsáveis pelo projecto.

 

Até Março, vão passar pelo Artes mais criadores, como Mattia Casalegno, para apresentar a sua peça "Unstable Empathy" e realizar o workshop "Tangible Feelings", Abi Feijó, que vai realizar um workshop de animação para cegos, e Sara Roberts, desenvolvendo workshops relacionados com os seus projectos "earbees" e "humming and blindfolds".