Arquitectura: "Farmville Paredes" é uma vila para artistas e empresas

Os artistas que se mudarem para o "Farmville Paredes" vão viver numa das 10 Live Work Houses que estão a ser construídas. Estas residências criativas possuem "mini-ateliers"

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O "Farmville Paredes" será uma espécie de vila, mas ao contrário do famoso jogo do Facebook, os habitantes não vão ter de se dedicar ao trabalho da quinta. No local, vão viver artistas em Live House Works, que vão ser vizinhos de uma incubadora de empresas de design de mobiliário. Mas o nome "Farmville" deixa adivinhar alguma ligação à agricultura: a Cooperativa Agrícola de Paredes associou-se ao projecto.

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O "Farmville Paredes" será uma espécie de vila, mas ao contrário do famoso jogo do Facebook, os habitantes não vão ter de se dedicar ao trabalho da quinta. No local, vão viver artistas em Live House Works, que vão ser vizinhos de uma incubadora de empresas de design de mobiliário. Mas o nome "Farmville" deixa adivinhar alguma ligação à agricultura: a Cooperativa Agrícola de Paredes associou-se ao projecto.

 

"Foi uma oportunidade quase única, porque não é um programa comum", comenta Francisco Ré, da And-Ré, atelier de arquitectura responsável pelo "Farmville Paredes".

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Incubadora terá oficinas, um pequeno laboratório, cafetaria e um auditório DR

 

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Projecto tem mais de 5 mil metros quadrados DR

A obra está inserida no projecto global "Paredes: Cidade Criativa para o Design", da Câmara Municipal de Paredes, que tem como objectivo divulgar e promover a criatividade dos jovens empreendedores do concelho. Assim, artistas e empresas vão estar reunidos numa área total de mais de 5 mil metros quadrados.

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Farmville Paredes inclui Live Work Houses e incubadora de empresasDR

 

Os artistas nacionais e estrangeiros que se mudarem para o "Farmville Paredes" vão viver numa das 10 Live Work Houses que estão a ser construídas. Estas residências criativas também vão servir de "mini-ateliers", já que "as habitações foram desenhadas para terem uma espécie de mini escritório que funcione como uma pequena empresa", explica Francisco Ré.

 

E a vizinhança não será estranha aos artistas, pois o programa também prevê a execução de uma incubadora de empresas de design de mobiliário. Esta vai ter espaços de convívio, "como oficinas, um pequeno laboratório de experimentação de materiais e uma cafetaria". E, para não ser necessário sair do "Farmville Paredes", os empresários vão ter, ainda, um auditório onde poderão realizar eventos, como exposições e concertos.

 

Segundo Francisco Ré, quem passar pela "vila", além das Live Work Houses e da incubadora de empresas, poderá encontrar espaços de restauração, lojas, um parque de estacionamento e, possivelmente, “um Mercado da Terra que terá os produtos biológicos da cooperativa de Paredes”.

 

A fusão entre o design e a agricultura

O local que estava previsto para a construção do projecto pertencia à antiga Cooperativa Agrícola de Paredes, que estabeleceu uma parceria público-privada com a câmara municipal e cujas novas instalações estão integradas no projecto "Farmville Paredes". Francisco Ré realça que, "naquele quarteirão, há um confronto de duas realidades muito distintas: a dos agricultores e a dos designers".

 

 

Estas duas realidades serviram de inspiração e fundiram-se na arquitectura do "Farmville Paredes". As "linhas e a aparência dos ícones rurais, os palheiros e os espigueiros, foram destilados" para conseguir "um resultado lapidado dessa realidade vernacular", revela o responsável. O ripado de madeira nas fachadas remete para "os antigos palheiros" e foram utilizados materiais nacionais, como a cortiça. "E é imaculadamente branco", acrescenta Francisco Ré.

 

Arquitectura que resiste ao tempo

A obra deverá estar concluída no início de 2013. Mas tal como o tempo passa por um bairro e nada permanece igual, os moradores saem, as lojas encerram, também não se sabe se, no futuro, o "Farmville Paredes" terá o mesmo uso.

 

A pensar nisso, os responsáveis da And-Ré desenharam estruturas cujo interior pode ser facilmente remodelado. "Achamos que a arquitectura se deve prolongar", defende Francisco Ré, acrescentando que "estamos no tempo das vacas magras e os investimentos não se podem esgotar rapidamente no tempo."

 

O reaproveitamento do espaço pode ser conseguido graças às formas de palheiro e espigueiro, que criam hangares, não existindo pilares no interior. "E existem volumes que condicionam o programa da incubadora, do restaurante ou da cooperativa, e que são de estrutura leve revestida a cortiça e madeira". "Daqui a 5, 10 ou 50 anos conseguem ser removidos e ficamos com um espaço totalmente aberto para colocar lá qualquer coisa outra vez", conclui o responsável.