Passos Coelho: “Não podemos fazer de conta que não existe um problema com o CDS”

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O PSD convida também o CDS-PP para uma reunião o mais brevemente possível Foto: Daniel Rocha

“Não podemos fazer de conta que não existe um problema. Não podemos ser cínicos”, disse Passos Coelho, de acordo com sociais-democratas ouvidos pela Lusa e que participaram na reunião da Comissão Política Nacional do PSD realizada entre as 21h de quarta-feira e as 2h desta quinta-feira. Da reunião saiu um convite à direcção do CDS-PP para um encontro destinado a renovar o apoio ao acordo político de coligação.

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“Não podemos fazer de conta que não existe um problema. Não podemos ser cínicos”, disse Passos Coelho, de acordo com sociais-democratas ouvidos pela Lusa e que participaram na reunião da Comissão Política Nacional do PSD realizada entre as 21h de quarta-feira e as 2h desta quinta-feira. Da reunião saiu um convite à direcção do CDS-PP para um encontro destinado a renovar o apoio ao acordo político de coligação.

Dirigentes sociais-democratas adiantaram à Lusa que o presidente do PSD referiu ter ficado espantado com a intervenção feita no domingo pelo presidente do CDS-PP e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, em que este se demarcou das alterações à Taxa Social Única (TSU).

Quanto à negociação em curso com a central sindical UGT e com as confederações patronais relativa a esta medida, Passos Coelho reiterou uma posição de abertura, mas não adiantou nada de concreto. E o comunicado divulgado a meio da noite pela Comissão Política Nacional do PSD não faz qualquer referência à TSU, limitando-se a manifestar confiança no esforço de concertação entre Governo e parceiros sociais.

Presente nesta reunião enquanto representante do grupo parlamentar europeu do PSD, o eurodeputado Paulo Rangel voltou a considerar que o aumento das contribuições dos trabalhadores e a descida da TSU paga pelas empresas “é um erro”, embora tenha deixado elogios ao trabalho do Governo em termos globais. Segundo um dirigente social-democrata, o desagrado face à intervenção feita por Paulo Portas no domingo foi dominante. O vice-presidente do PSD Pedro Pinto voltou a utilizar a expressão “inacreditável” e foram ouvidas expressões ainda mais duras.

Cerca das 0h30, depois de alguns acertos no texto, a Comissão Política Nacional do PSD divulgou um comunicado anunciando a decisão de convidar a direcção do CDS-PP para uma reunião, a realizar o mais brevemente possível, para “obter a indispensável manifestação de apoio ao acordo político de coligação”.

Essa reunião das direcções partidárias dos dois partidos que suportam o Governo deverá servir para “obter a indispensável manifestação de apoio” também quanto “às decisões e estratégia do Governo em matéria de consolidação orçamental e ajustamento estrutural, visando uma trajectória de crescimento sustentável”.

No mesmo comunicado, os sociais-democratas defendem que “é fundamental clarificar a relação entre os partidos da coligação”, que entendem ter sido “afectada” pelas decisões dos órgãos internos do CDS-PP, “de modo a assegurar a estabilidade política”. O CDS-PP deverá responder na manhã desta terça-feira a este pedido, disse fonte da direcção deste partido à Lusa.

Antes da reunião do Conselho de Estado marcada para as 17h de sexta-feira, o primeiro-ministro vai estar, nesse dia de manhã, no debate quinzenal na Assembleia da República. Nesta quinta-feira de manhã reúne-se, como habitualmente, o Conselho de Ministros.