Évora quer declarar tourada como Património Cultural Imaterial

São já mais de 30 os municípios portugueses que declararam a tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal

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Évora pode tornar-se na segunda região do país a declarar a tauromaquia como Património João Belchior/Flickr

A Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), que representa os 14 concelhos do distrito de Évora, prepara-se para declarar a tauromaquia como Património Cultural Imaterial da região, revelou esta segunda-feira, à agência Lusa, fonte da instituição.

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A Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), que representa os 14 concelhos do distrito de Évora, prepara-se para declarar a tauromaquia como Património Cultural Imaterial da região, revelou esta segunda-feira, à agência Lusa, fonte da instituição.

De acordo com o presidente do município de Reguengos de Monsaraz e autor da proposta, José Calixto, o documento deverá ser aprovado pela CIMAC “durante o mês de Outubro”. Caso seja aprovada a proposta, a zona de Évora surge como a segunda região do país a declarar a tauromaquia como Património Cultural Imaterial, depois de a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), que representa os 15 concelhos do distrito de Portalegre, ter aprovado um documento idêntico durante o mês de Julho.

O autarca de Reguengos de Monsaraz explicou à Lusa que os municípios do distrito de Évora estão actualmente a decidir, nos respectivos concelhos, o “reconhecimento” da tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal, para depois, em Outubro, a declaração da CIMAC ser aprovada.

“Prevejo e quero querer que a declaração seja aprovada por unanimidade para que a proposta da CIMAC possa ter ainda mais força”, sublinhou. No documento, a que a Lusa teve acesso, José Calixto recorda aos autarcas do distrito de Évora que a tauromaquia “assume no Alentejo Central uma muito relevante importância cultural e social”.

Para o autarca, a tauromaquia, nas suas mais diversas manifestações, engloba “um conjunto de tradições e expressões orais, de artes do espectáculo, de práticas sociais, rituais e eventos festivos, de conhecimentos e práticas relacionadas com a natureza e de aptidões ligadas ao artesanato tradicional”.

"Herança cultural"

Nesse sentido, acrescenta, que “esta tradição, esta herança cultural, própria de um povo nunca poderá ser renegada”. José Calixto destacou ainda que o distrito de Évora acolhe várias ganadarias, grupos de forcados, toureiros, dirigentes tauromáquicos e directores de corrida, como Agostinho Borges, e que contou, no passado, com “grandes nomes” do toureiro a cavalo, como José Mestre Batista, Simão da Veiga e Luís Miguel da Veiga.

“Nunca nos podemos esquecer que a temporada tauromáquica começa em Portugal no dia 1 de Fevereiro, em Mourão”, no distrito de Évora, assinalou. De acordo com a CIMAC, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) aprovou em Outubro de 2003 a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, entrando a mesma em vigor a 20 de Abril de 2006.

Esta convenção promove a salvaguarda do património cultural imaterial e o respeito pelo património cultural imaterial das comunidades, dos grupos e dos indivíduos em causa. De acordo com os critérios da UNESCO, são já mais de 30 os municípios portugueses que declararam a tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal.