"Não à vingança" e "sim" a uma "sociedade plural", pede o Papa

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Papa à chegada ao palácio presidencial de Baabda FILIPPO MONTEFORTE/AFP

O líder católico falava a centenas de personalidades da política, religião e cultura libanesas, incluindo dirigentes das comunidades muçulmanas, no palácio presidencial de Baabda, perto de Beirute, no segundo dia da sua visita ao Líbano.

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O líder católico falava a centenas de personalidades da política, religião e cultura libanesas, incluindo dirigentes das comunidades muçulmanas, no palácio presidencial de Baabda, perto de Beirute, no segundo dia da sua visita ao Líbano.

Numa altura em que a região é ensombrada pela guerra na Síria e por manifestações violentas contra um filme norte-americano considerado injurioso para o profeta Maomé, o Papa centrou a sua intervenção nas condições religiosas e sociais que podem favorecer a paz na região.

A violência verbal e física “é sempre um atentado à dignidade humana, tanto do seu autor como da vítima”, disse Bento XVI. “Trata-se de dizer não à violência, de reconhecer os erros, de aceitar as desculpas sem as procurar e enfim de perdoar.” “Só então podemos crer no bom entendimento entre as culturas e as religiões, na consideração sem condescendência”, disse.

O Papa referiu o exemplo de famílias libanesas como modelo. “No Líbano, o cristianismo e o islão habitam o mesmo espaço há séculos. Não é raro ver na mesma família duas religiões. Se na mesma família isso é possível, porque não será ao nível do conjunto da sociedade?”, questionou.

“A especificidade do Médio Oriente está na mistura secular de componentes diversas”, afirmou também Bento XVI. Nesse contexto, “professar e viver livremente a sua religião sem pôr em perigo a sua vida e a sua liberdade deve ser possível para quem quer que seja".

“As diferenças culturais, sociais, religiosas devem levar a viver um novo tipo de fraternidade (...) O diálogo só é possível na consciência de que existem valores comuns a todas as grandes culturas”, acrescentou.