A quarta edição do Festival Materiais Diversos está aí. A partir desta sexta-feira, 14 de Setembro, até dia 29, Minde, Alcanena e Torres Novas vão ser palco, não de uma, nem de duas, mas de várias artes. Tudo para ver num único festival, num ano em que o orçamento do evento foi “reinventado” por causa da redução de apoios.

A quarta edição do Festival Materiais Diversos está aí. A partir desta sexta-feira, 14 de Setembro, até dia 29, Minde, Alcanena e Torres Novas vão ser palco, não de uma, nem de duas, mas de várias artes. Tudo para ver num único festival, num ano em que o orçamento do evento foi “reinventado” por causa da redução de apoios.

"Há muitos festivais só de música, há muitos festivais só de teatro", começa por referir Tiago Guedes, da associação Materiais Diversos, ao P3. O director artístico do Festival Materiais Diversos continua, afirmando que queriam criar um evento "onde o público pudesse descobrir as várias disciplinas e misturá-las: por exemplo, no sábado, vê um espectáculo de dança à tarde, um espectáculo de teatro à noite, e depois vê um concerto".

Esta quarta edição, que celebra o Ano de Portugal no Brasil/ Brasil em Portugal, reúne 22 artistas, com espectáculos de música, teatro, dança e performance, dentro e fora de portas. O evento pretende apresentar jovens criadores nacionais e internacionais, "sempre numa vertente muito contemporânea".

Além do destaque dado aos jovens, o festival também tem como base o desenvolvimento de projectos com associações locais. Em 2012, o evento realiza-se em Minde e estende-se, ainda, a Alcanena e Torres Novas. "Pretendemos convidar artistas da nossa região e desenvolver projectos com associações locais", explica Tiago Guedes. Assim, a programação do Materiais Diversos 2012 inclui dois espectáculos que contam com a participação dos habitantes destas localidades: "Atlas", de Ana Borralho & João Galante (com 100 habitantes de Alcanena e Torres Novas), e "Penthesilia", (com o envolvimento de 30 intérpretes da comunidade local), de Martim Pedroso.

Tiago Guedes admite que a realização de um festival como este fora dos grandes centros urbanos é um desafio. "Muitas das pessoas do nosso público estão a ver dança e teatro pela primeira vez." "Como é que se cativam as pessoas para uma coisa que elas desconhecem?", questiona o director artístico.

A solução pode passar por oferecer algo diferente. "Nós apresentamos os mais recentes trabalhos, com artistas muito jovens." E ao fim de quatro anos, Tiago Guedes salienta que "as pessoas já se habituaram a vir ao Materiais Diversos para descobrir coisas e não para ver coisas que já conhecem".

Os artistas e o apoio do Brasil 

O Festival Materiais Diversos deste ano junta materiais de 13 artistas portugueses e 9 artistas brasileiros. Há já algum tempo que Tiago Guedes tinha o desejo de apresentar espectáculos de criadores vindos do Brasil. “Estávamos à espera de um contexto ideal para poder apresentar estes artistas.” O Ano de Portugal no Brasil/Brasil em Portugal, comemorado em 2012, é o momento perfeito.

Além dos espectáculos individuais, a programação do festival inclui o projecto "Dulce", criado pelos actores portugueses Flávia Gusmão e Nuno Gil, juntamente com dois actores brasileiros, Thiare Maia e Michel Blois.

Além de artistas, do Brasil também vieram apoios, que compensaram o corte do apoio Estado português para a Cultura. "Sentimos essa redução. O corte do Estado foi de 38% e o da autarquia de Alcanena foi de 33%", explica Tiago Guedes. Mas do outro lado do Atlântico chegaram apoios da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro. "Precisámos de reinventar o orçamento", admite o responsável, "e cruzámos outro tipo de financiamento".

Os resultados dessa reinvenção vão poder ser vistos a partir de hoje, 14 de Setembro, na abertura do evento, com a antestreia "Paraíso – Colecção Privada", de Marlene Monteiro Freitas. O Festival Materiais Diversos decorre até 29 de Setembro.