Um homem de muitos nomes e longo cadastro e uma rede de cristãos radicais na origem do filme

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Os actores que participaram no filme queixam-se de terem sido ludibriados D.R.

Nakoula já usou muitos nomes, como Matthew Nekola; Kritbag Difrat; Robert Bacily; Nicola Bacily; Erwin Salameh; Mark Basseley Youssef; Yousseff M. Basseley; P.J. Tobacco. Juntou-os a números verdadeiros de segurança social para descontar cheques — foi preso, pagou uma multa de 794.700 dólares e proibido de usar a Internet quando saiu da prisão, em liberdade condicional, em Julho de 2011. Mas foi logo um mês depois, relata o blogue Danger Room da revista Wired, que começou a contratar actores para o projecto que desencadeou a actual crise diplomática americana no Médio Oriente.

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Nakoula já usou muitos nomes, como Matthew Nekola; Kritbag Difrat; Robert Bacily; Nicola Bacily; Erwin Salameh; Mark Basseley Youssef; Yousseff M. Basseley; P.J. Tobacco. Juntou-os a números verdadeiros de segurança social para descontar cheques — foi preso, pagou uma multa de 794.700 dólares e proibido de usar a Internet quando saiu da prisão, em liberdade condicional, em Julho de 2011. Mas foi logo um mês depois, relata o blogue Danger Room da revista Wired, que começou a contratar actores para o projecto que desencadeou a actual crise diplomática americana no Médio Oriente.

Os actores foram contratados para fazer um filme que na altura se chamaria Desert Warriors ou Desert Storm, diz o blogue da Wired, citando o que o actor de filmes pornográficos gay Tim Dax, que aparece em algumas sequências (como um guerreiro tatuado no peito e na cara), disse por e-mail ao site Joe.my.god.blogspot.com. “O meu personagem chamava-se Sansão e todos os dias tinha algumas linhas de texto. Nunca vimos um guião completo, só algumas páginas. Fizemos muitas perguntas sobre o absurdo de algumas passagens e situações ao Sam Bacile, que achava que era o produtor”.

Os actores que participaram no filme queixam-se de terem sido ludibriados. A personagem de Maomé nem sequer existia — no pedido de actores para o filme, a personagem principal chamava-se “George”. Os actores pensaram ter participado num filme sobre guerreiros no Médio Oriente há muito tempo, e não num grosseiro instrumento de propaganda anti-islão, que apresenta Maomé como um mulherengo e um bandido, líder de um bando armado que semeava o terror quando pretensamente espalhava uma nova religião.

O motivo para essa falta de reconhecimento é sugerido por Tim Dax: “É questionável que seja a minha voz no excerto que vi hoje pela primeira vez. A dobragem é de qualidade duvidosa”, afirma o actor.

Rastilho de pólvora

Mas o FBI identificou Nakoula Basseley Nakoula, de 55 anos, como alguém que teve um papel importante na realização do filme — embora sem confirmar que este homem era a “figura fundamental” por trás de The Innocence of Muslims, como avançou a Associated Press (AP). Aliás, o filme pode reduzir-se ao trailer de 14 minutos que já há meses andava pelo YouTube, mas só agora deu nas vistas. Foi posto na segunda-feira no site de um activista cristão copta da Virgínia do Norte chamado Morris Sadek, que também o enviou para vários destinatários no Egipto, diz o Washington Post — esse foi o acender do rastilho de pólvora.

Os cristãos coptas egípcios nos EUA não se revêem no filme ou nas acções de Sadek, um conhecido radical desta minoria. Esta igreja “rejeita firmemente que a comunidade seja arrastada” para a controvérsia por causa de “um filme inflamatório”, diz uma declaração citada pelo Washington Post.

Nakoula, que explora uma bomba de gasolina, disse à AP que apenas geriu a logística de uma empresa que produziu o filme e que não é Sam Bacile. Mas Steve Klein, um activista anti-islão e anti-aborto que foi abordado por Bacile como consultor para o filme, disse à AP que “Bacile” era um pseudónimo, e que o realizador era um cristão. Isto na quarta-feira; no dia anterior tinha dito que Bacile era um judeu israelita. De qualquer forma, um telemóvel em nome Bacile tem associado o endereço de Nakoula em Cerritos, Califórnia.

Outro cristão copta radicado nos EUA surge associado ao filme, revela o Los Angeles Times: Joseph Nassralla Abdelmasih, da organização não governamental Media for Christ. “Fazer brilhar a luz de Jesus” para o mundo é a missão desta organização, em cujo nome foi emitida a autorização para fazer o filme em Agosto de 2011. Nakoula deu a sua casa como cenário e pagou aos actores, diz o jornal — mas o Departamento de Estado pediu ao condado de Los Angeles para não divulgar as autorizações enquanto o caso está a ser investigado.

A principal actividade da Media for Christ tem sido operar um canal por satélite, a The Way TV, que transmite sobretudo preces, sermões e hinos para cristãos árabes nos EUA, Canadá e Médio Oriente, mas na qual o qual o activista anti-islão Steve Klein tem um programa semanal.