Argentina saiu à rua para protestar contra Cristina Kirchner

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Buenos Aires assistiu ao maior protesto de rua desde a reeleição de Kirchner Foto: Enrique Marcarian/Reuters

Este protesto, que foi organizado com a ajuda das redes sociais online, terá sido o maior desde que Kirchner foi reeleita Presidente, em Outubro de 2011.

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Este protesto, que foi organizado com a ajuda das redes sociais online, terá sido o maior desde que Kirchner foi reeleita Presidente, em Outubro de 2011.

Entre as medidas que estão a ser contestadas encontra-se uma polémica reforma constitucional, que estará nos planos do governo e que permitiria a Kirchner concorrer a um terceiro mandato, a restrição à compra de dólares e um sentimento de insegurança. Ao mesmo tempo que as ruas se enchiam de manifestantes, a Presidente inaugurava duas unidades industriais na província de San Juan, no Oeste do país, e respondia com tranquilidade: "Podem descansar que não me vou enervar nem vão consegui-lo", disse, citada por diferentes jornais argentinos.

O cenário na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, local onde terminou a grande marcha na capital da Argentina, em frente à sede do executivo, não diferia muito do que se viu em 2001, durante a crise financeira do país, mas desta vez as razões do protesto eram outras.

"Aqueles que aqui vieram hoje estão a protestar contra o que vêem como a ditadura de Cristina Kirchner. Dizem que nos últimos meses o Governo lhes restringiu a liberdade com medidas que afectaram negativamente as suas vidas", relatou a correspondente da televisão árabe Al-Jazira, Teresa Bo, em Buenos Aires. A imprensa local refere que a mobilização foi grande também nas zonas do interior do país.

Entre os cartazes que se viram nas ruas e que circulam pelo mundo nas fotografias das agências internacionais e dos jornais argentinos online, pontuavam mensagens contra a corrupção e a mentira, a favor da liberdade e da intervenção cívica. "O pior inimigo de um Governo corrupto é um povo culto", lia-se num cartaz amarelo fotografado nas mãos de uma mulher pela AFP. "Não à reforma constitucional", lia-se numa faixa reproduzida num dos jornais de maior circulação na Argentina.

De acordo com o jornal argentino Clarín, que mantém um diferendo com Kirchner desde 2008, o mega-protesto saiu à rua um dia depois de a Presidente ter anunciado uma expansão do programa de assistência a famílias carenciadas. Através desta iniciativa, milhares de argentinos verão aumentar o subsídio conhecido como "Asignación Universal por Hijo" – pago aos filhos dos desempregados que ganhem menos do que o salário mínimo. Esta subvenção, diz a imprensa argentina, passará de 270 pesos para 340 pesos (de 44 a 56 euros, ao câmbio actual).

Um dos problemas da economia argentina é a inflação, que se situará entre os 20% e os 30%, de acordo com a oposição e alguma imprensa argentina. Os dados do Governo são muito mais baixos: 10% no primeiro semestre deste ano. Seja qual for o valor certo, isto faz da Argentina o país com a maior inflação na América do Sul.