O “duplo carácter” do design de Diogo Frias
O sonho dele era ser "designer por conta própria". Um ano depois da criação da marca Diogo Frias, o investimento começa a ter retorno. E o reconhecimento já apareceu
Enviar currículos e correr entrevistas de emprego, umas atrás das outras, sempre lhe soou “violento”: “Geralmente, as propostas que fazem não têm nada a ver com o que um designer pode e deve fazer”. Mas, regressado de um estágio no Brasil, Diogo Frias decidiu pôr de lado o preconceito: enviou currículos e foi chamado para uma entrevista.
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Enviar currículos e correr entrevistas de emprego, umas atrás das outras, sempre lhe soou “violento”: “Geralmente, as propostas que fazem não têm nada a ver com o que um designer pode e deve fazer”. Mas, regressado de um estágio no Brasil, Diogo Frias decidiu pôr de lado o preconceito: enviou currículos e foi chamado para uma entrevista.
“O que me propuseram foi que atendesse telefones. Agradeci mas disse que precisavam de uma telefonista, não de um designer.” Foi a “gota de água”. Estávamos em Novembro de 2011 e o jovem portuense, agora com 28 anos, avançou para aquilo com que sempre sonhou: ser designer por conta própria e criar a própria marca - Diogo Frias.
Quase um ano depois, pode falar-se de um momento de viragem: o investimento (só possível com a ajuda dos pais, realça Diogo) começa a valer a pena. O reconhecimento também. Há dias, a revista Design Milk falou de uma das suas criações: o "Andy", um cabide minimalista, perfeito para quem quer poupar espaço em casa.
Criar o que ainda não foi criado
A inspiração (e o nome) veio do artista Andy Warhol, uma das referências do jovem designer. O principal objectivo da peça, que pode ser vista na Wewood, não foi poupar espaço, disse ao P3, ainda que essa valência seja especialmente gritante. Quis fazer um objecto com um “duplo carácter” – um cabide quando está aberto (com uma pequena prateleira que permite pousar objectos) e uma espécie de quadro quando fechado.
Essas duas vidas num só objecto também se notam no “Silhouette”. “Isto já soa a dupla personalidade”, brinca Diogo Frias. Não é. As suas peças espelham a concepção que tem do design: “Deve ser uma procura incessante das formas e de colocar no mercado um produto que seja diferente do que existia anteriormente.”
Anteriormente, não existia uma cadeeiro que permitisse criar dois ambientes completamente distintos. O candeeiro, como o nome indica, é uma silhueta, com 4,5 cm de espessura, que consegue criar dois ambientes completamente distintos, mesmo num espaço pequeno. "De uma lado leitura e de outro uma luz mais fraca, por exemplo."
Diogo Frias está a trabalhar em várias peças agora. O “kubbo”, uma luminária inspirada nos periscópios dos submarinos (imagem que guarda dos desenhos animados que via em miúdo), fica pronto nos próximos dias. Regra geral, a inspiração surge da “actividade intensa” que é observar. “Ver formas, fazer nascer formas do nada.”
A Vandoma Design encomendou-lhe há tempos um mini sideboard. O Skatolo, inspirado nas “caixas de ferramentas americana, Snap-On, e a Villa Savoye, de Le Corbusier”, é uma peça multiuso para material electrónico, revistas, pequenos livros ou mesmo um leitor de DVD ou caixa de TV. “Queriam que fosse prático para uma habitação pequena.”
Nada a que o designer, formado na ESAD, não esteja habituado. Conclusão do P3: só neste texto, já lá vão três peças perfeitas para ter num T0. “Já parece uma tendência”, reage Diogo Frias. Não é. Quanto a isso há só uma regra de ouro: “Provocar emoção no utilizador.”