Vários manifestantes detidos na véspera das eleições em Angola

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Após a campanha eleitoral, os angolanos vão às urnas nesta sexta-feira Siphiwe Sibeko/Reuters

Pelo menos seis pessoas terão sido detidas. William Tonet, candidato do CASA-CE, disse à Reuters que a polícia disparou para dispersar um grupo de manifestantes junto à Comissão Eleitoral (CNE) em Luanda, as detenções foram confirmadas por um polícia da Quarta Esquadra que se encontrava no local que não disse quantas pessoas foram levadas para a prisão ou se foram disparados tiros.

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Pelo menos seis pessoas terão sido detidas. William Tonet, candidato do CASA-CE, disse à Reuters que a polícia disparou para dispersar um grupo de manifestantes junto à Comissão Eleitoral (CNE) em Luanda, as detenções foram confirmadas por um polícia da Quarta Esquadra que se encontrava no local que não disse quantas pessoas foram levadas para a prisão ou se foram disparados tiros.

Tonet disse à Reuters que ninguém ficou ferido na manifestação realizada já após o fim da campanha eleitoral. Os angolanos votam nesta sexta-feira para eleger um novo Parlamento e Presidente naquele que é o segundo escrutínio realizado após o fim da guerra civil.

José Eduardo dos Santos, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder há 33 anos, deverá ser reeleito, mas os opositores da UNITA e da CASA-CE já manifestaram preocupações com alegadas irregularidades no processo eleitoral ao referir que a CNE não atribuiu muitas credenciais que tinham sido pedidas pelos seus membros para supervisionar o escrutínio nas cerca de 100.000 mesas de voto em todo o país. Tonet adiantou mesmo à Reuters que, das 6850 credenciais pedidas pelo seu partido, apenas foram atribuídas cerca de 3000.

A UNITA apresentou um protesto semelhante e denunciou que muitas credenciais não foram atribuídas, e segundo a agência britânica há também diplomatas de embaixadas de países ocidentais que ainda não receberam as acreditações solicitadas à CNE.

Foi essa falta de credenciais que levou vários manifestantes a juntarem-se hoje em frente ao edifício da CNE. Segundo a agência Lusa, entre os detidos está Rafael Aguiar, secretário-geral da Juventude Patriótica de Angola, ligada à CASA-CE, criada pelo dissidente da UNITA Abel Chivukuvuku. O protesto terá levado à mobilização da polícia de intervenção rápida.

O candidato da UNITA, Isaías Samakuva, denunciou várias irregularidades na organização do escrutínio. O dia de reflexão foi marcado por críticas à CNE, e na véspera Samakuva já tinha referido que “mais de 2000 representantes da UNITA que devem controlar o que se passa nos centros de voto” não estavam ainda acreditados em Luanda. “Muitos angolanos não encontram os seus nomes nas listas eleitorais, e em alguns locais essas listas não foram publicadas”, adiantou.

Em 2008 o MPLA venceu as eleições com 81% dos votos, a UNITA (10%) denunciou várias fraudes mas o acto eleitoral acabou por ser validado pelos observadores internacionais. Para esta sexta-feira José Eduardo dos Santos decretou feriado para possibilitar a votação de cerca de 9,7 milhões de angolanos.