As alterações climáticas são o pior inimigo dos morcegos

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Em 2009, cerca de 30.000 morcegos morreram na Austrália Mark Baker

Uma investigação coordenada por Mathieu Lundy, zoólogo da Universidade de Queens, em Belfast, no Reino Unido, procurou durante anos encontrar a relação dos efeitos das alterações climáticas com as populações de morcegos.

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Uma investigação coordenada por Mathieu Lundy, zoólogo da Universidade de Queens, em Belfast, no Reino Unido, procurou durante anos encontrar a relação dos efeitos das alterações climáticas com as populações de morcegos.

Estas espécies são consideradas muito importantes pelo papel ecológico e económico que desempenham no ambiente, especialmente por ajudarem a controlar os insectos e dispersar sementes de plantas.

A equipa de Mathieu Lundy analisou as consequências das alterações climáticas em diversas espécies de morcegos, da Europa e América do Norte. A alimentação, o tamanho dos morcegos, a sua dispersão e os locais de reprodução deste mamífero estão a ser afectados, concluíram. Sendo que um em cada cinco mamíferos do planeta é um morcego, as proporções dos danos tendem a ser gigantescas, sublinham os cientistas.

Segundo os investigadores, o aumento de temperatura interfere com o sistema de ecolocalização que os morcegos utilizam para se orientarem. Isto tem repercussões na procura de alimento, principalmente nas fêmeas lactantes – que estão a amamentar as suas crias – pois vão ter de se deslocar maiores áreas para encontrarem água e para se alimentarem. Os morcegos são extremamente vulneráveis à desidratação, quando comparados com outros mamíferos, pois têm uma taxa de evaporação muito superior, devido às suas asas.

Todos os morcegos conseguem voar e percorrer maiores distâncias do que a maioria dos mamíferos terrestres, mas o impacte das temperaturas pode diminuir a área que conseguem alcançar.

Mas o aumento das temperaturas tem ainda outros efeitos no dia-a-dia destes animais. Segundo os investigadores, os morcegos passarão a acordar mais cedo da hibernação e das suas “sestas” diárias, por exemplo. Esta "sesta", conhecida por torpor, é uma forma de descanso que ajuda os animais a conservar energia.

Das 47 espécies europeias e norte-americanas estudadas pelos cientistas britânicos, 38 estão em risco devido a estes factores climáticos. Destas, 11 têm como habitat grutas e árvores – locais onde se sente mais a variação de temperatura.

Em 2009, cerca de 30.000 morcegos do género Pteropus spp., um dos tipos de morcego com maior envergadura de asas, morreram durante 19 episódios de temperaturas extremas na Austrália.

Apesar de todos os efeitos negativos, os investigadores também descobriram algo do qual esta espécie poderá tirar partido. Um aumento de temperatura irá permitir que as fêmeas possam dar à luz mais cedo, aumentando a distância temporal entre cada ciclo de reprodução, o que poderá dar mais tempo para acumularem reservas de gordura.

Todas as espécies examinadas pelos investigadores já estão actualmente listadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza como quase ameaçadas, vulneráveis ou em perigo.