Interesse nos Estaleiros de Viana comprova que empresa "é apetecível" e deveria continuar pública
"O interesse destes seis grupos, de tantos países, comprava que, contrariamente ao que diziam alguns economistas, a nossa empresa é viável e apetecível. Precisamos é de organização e de um setor comercial mais agressivo", disse hoje à agência Lusa o porta-voz da Comissão de Trabalhadores dos ENVC.
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"O interesse destes seis grupos, de tantos países, comprava que, contrariamente ao que diziam alguns economistas, a nossa empresa é viável e apetecível. Precisamos é de organização e de um setor comercial mais agressivo", disse hoje à agência Lusa o porta-voz da Comissão de Trabalhadores dos ENVC.
Para António Costa, este interesse "é positivo" e demonstra que a empresa "deveria continuar na esfera do Estado", porque o país "não se pode dar ao luxo de poder perder a construção naval".
"Estamos contra a reprivatização, vamos estar atentos à forma como todo este processo vai decorrer e para 12 de Setembro já agendamos um plenário geral para definirmos formas de luta", explicou ainda o porta-voz.
A Empordef, holding pública para as indústrias de Defesa, deverá concluir até 27 de Agosto um relatório de apreciação às seis intenções de compra, não vinculativas, dos ENVC.
Segundo um despacho conjunto dos Ministérios da Defesa e das Finanças, publicado hoje em Diário da República, esse "relatório fundamentado" com a "apreciação" da Empordef às propostas recebidas na primeira fase da reprivatização dos ENVC deverá conter uma "proposta de decisão relativamente à selecção das intenções" recebidas.
A reprivatização, sublinha ainda o despacho, será feita por "venda directa a um investidor, nacional ou estrangeiro, que venha a tornar -se accionista de referência" e com "perspectiva de investimento estável e de longo prazo", privilegiando o Governo "a alienação integral do capital social" da ENVC.
A Empordef recebeu seis propostas para a reprivatização dos ENVC, além de dois grupos portugueses, empresas do Brasil, Rússia, Estados Unidos, Alemanha e Noruega, disse à Lusa uma fonte governamental.
As propostas, não vinculativas, foram apresentadas no âmbito da primeira fase do processo de reprivatização dos ENVC, que terminou na segunda-feira, e servirão para a assessoria financeira, a cargo do Banco Espírito Santo Investimento (BESI) elaborar o caderno de encargos.
"Estas propostas serão analisadas pela assessoria financeira, seguindo-se a elaboração do caderno de encargos definitivo e a fase final, com a apresentação de propostas já vinculativas, até meados de Setembro", explicou a mesma fonte.
Desta forma, confirma-se, para já, o conhecido interesse de grupos portugueses, do Brasil e da Rússia no maior construtor naval nacional, sendo a novidade o aparecimento de empresas dos Estados Unidos da América e da Noruega entre as seis que formalizaram propostas.
Uma das duas propostas nacionais foi apresentada em consórcio com uma empresa alemã.
A apresentação de um "adequado projecto estratégico" para os estaleiros, tendo em vista o "desenvolvimento das suas actividades nos mercados nacional e internacional", que "maximize a manutenção dos actuais recursos humanos", bem como "a promoção da concorrência e competitividade do sector da construção e reparação naval" além do "preço indicativo" apresentado para a aquisição das acções representativas do capital social são condições a "privilegiar" pelo Governo neste processo.