O Legado de Bourne
Inteligentemente, Matt Damon disse que não a uma quarta aventura de Jason Bourne, o realizador Paul Greengrass também. Como é preciso manter a máquina a funcionar, a ausência de Damon tornou-se parte integrante deste quarto filme na série, cuja acção decorre praticamente sobreposta à do terceiro, Ultimato (2007), mas se transfere para um programa secreto paralelo do Pentágono para explorar as possibilidades de modificação genética.
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Inteligentemente, Matt Damon disse que não a uma quarta aventura de Jason Bourne, o realizador Paul Greengrass também. Como é preciso manter a máquina a funcionar, a ausência de Damon tornou-se parte integrante deste quarto filme na série, cuja acção decorre praticamente sobreposta à do terceiro, Ultimato (2007), mas se transfere para um programa secreto paralelo do Pentágono para explorar as possibilidades de modificação genética.
Programa esse que é desactivado pelos chefes, alarmados pela “lebre” Bourne, mas deixando duas pontas soltas por atar - um operacional e uma cientista. Entregue a Tony Gilroy, argumentista regular da série (e realizador estimável de Michael Clayton e Dupla Sedução), O Legado de Bourne deixa pistas, ideias, conceitos intrigantes que remetem para outros tempos do cinema americano (o thriller liberal de Os Três Dias de Condor, a pungência de Charly), e faz a diferença ter actores que conseguem emprestar densidade aos arquétipos. Mas quando essas pistas são desbaratadas numa interminável perseguição por Manila que as afoga num delírio de video-jogo, descredibilizando tudo o que ficou para trás, percebemos que entrámos no território puro e duro do franchise para cumprir calendário. Gilroy não se consegue equilibrar na corda bamba entre o caderno de encargos e a ambição do thriller adulto, falta-lhe o dinamismo cinético de Greengrass e o carisma de Damon, o resultado só convence pela metade.