Restauro espontâneo de pintura do século XIX acaba em desastre

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Ainda não é possível saber se a obra poderá ser completamente restaurada Imagem: Centro de Estudios Borjanos

A intenção era boa, mas o desfecho surpreendente ficou muito aquém das expectativas. A pintura do – “Ecce Homo” – da autoria de Elías García Martínez, um artista do século XIX, que decorava as paredes do Santuário da Misericórdia, uma pequena igreja de uma pousada do século XVI, em Borja, Saragoça, já não é a mesma. A capela era propriedade do Hospital Sancti Spiritus e esta representação do Cristo de Borja era a única obra de arte da cidade.

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A intenção era boa, mas o desfecho surpreendente ficou muito aquém das expectativas. A pintura do – “Ecce Homo” – da autoria de Elías García Martínez, um artista do século XIX, que decorava as paredes do Santuário da Misericórdia, uma pequena igreja de uma pousada do século XVI, em Borja, Saragoça, já não é a mesma. A capela era propriedade do Hospital Sancti Spiritus e esta representação do Cristo de Borja era a única obra de arte da cidade.

Segundo o conselheiro da Cultura do Consistório, Juan María de Ojeda, citado pelo diário espanhol El País a autora do restauro foi uma vizinha octogenária que actuou de forma espontânea e “sem dizer nada ninguém”, ainda que “com boa intenção”.

Quando se apercebeu do estado em que a obra ficara, a senhora avisou o responsável do património cultural de Borja e confessou os danos causados.

A obra tinha sido doada por Elías García Martínez à cidade de Borja, onde costumava passar férias e, actualmente, é gerida pelo Centro de Estudos Borjanos (CEB).“Costumavam vir aqui passar as férias. Durante um Verão, o artista realizou o retrato e deixou-o à comunidade”, afirmou Ojeda. Os familiares do autor ainda mantêm ligações à cidade. Dois dos seus filhos são também artistas e o outro casou nesta localidade espanhola e continua a viver lá.

Apesar de não ser uma obra de grande valor artístico e que não fazia parte de nenhum conjunto artístico nem compunha o altar da igreja, para o CEB tratava-se de “um feito inqualificável”.

O incidente foi detectado no passado dia 7 de Agosto, sendo que cerca de um mês antes, durante uma reportagem fotográfica no interior da igreja – que documentou a evolução da pintura e relação da família do autor com a localidade -, a obra ainda não tinha sofrido qualquer intervenção. “Há apenas um mês, [realizou-se] uma reportagem fotográfica no interior da igreja, com o objectivo de publicar o inventário da mesma na colecção dedicada ao Património Artístico Religioso dos municípios da nossa zona. Nessa altura, a pintura [ainda] se encontrava em mau estado”, lê-se num comunicado do CEB.

Na mesma mensagem, os responsáveis do CEB afirmam que “alguém deverá adoptar medidas precisas para que não se repitam acções como esta que, à margem dos seus motivos, devem ser reprovadas”.

Segundo o El País, a Câmara Municipal de Borja contactou os familiares do autor que nas próximas iriam doar um esboço da mesma obra ao município. O CEB adianta que foi discutida a possibilidade de adoptar acções legais.

Em comunicado, a Câmara assegurou que já contratou uma equipa de especialistas em restauro que está a realizar um relatório sobre a recuperação da obra, que poderá ter início depois de os danos terem sido avaliados.