Candidato ao Senado diz que as vítimas de “legítima violação” raramente engravidam
Todd Akin, próximo dos conservadores do Tea Party, estava a dar uma entrevista à estação de televisão KTVI-TV quando foi questionado sobre a sua posição contra o aborto, sem qualquer excepção, nem mesmo quando a gravidez resulta de uma violação. “Parece-me, pelo que sei dos médicos, que isso é muito raro. Se for uma legítima violação, o corpo da mulher tem formas de tentar resolver essa questão”, respondeu.
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Todd Akin, próximo dos conservadores do Tea Party, estava a dar uma entrevista à estação de televisão KTVI-TV quando foi questionado sobre a sua posição contra o aborto, sem qualquer excepção, nem mesmo quando a gravidez resulta de uma violação. “Parece-me, pelo que sei dos médicos, que isso é muito raro. Se for uma legítima violação, o corpo da mulher tem formas de tentar resolver essa questão”, respondeu.
O candidato ao Senado norte-americano pelo estado do Missouri ainda desenvolveu o tema para dizer que “se alguma coisa falhar deve haver alguma punição, mas uma punição para o violador e não um ataque à criança”. As críticas a estas declarações não se fizeram esperar e agitaram as águas da campanha eleitoral para as eleições de Novembro, a ponto de o candidato republicano à Casa Branca, Mitt Romney, se ter distanciado desta posição. Num comunicado divulgado pela sua porta-voz de campanha, Amanda Henneberg, Romney, juntamente com o candidato à vice-presidência Paul Ryan, quis deixar claro que “uma Administração Romney-Ryan não se irá opor ao aborto em casos de violação”.
Numa tentativa de atenuar o impacto das suas declarações, Akin, que cumpre o seu sexto mandato no Congresso, ainda veio dizer que se “explicou mal” e que a entrevista não reflecte a “profunda empatia” que sente “pelos milhares de mulheres que são violadas e abusadas sexualmente todos os anos”. Prometeu que, se for eleito, as vítimas de violação “não terão no Senado um defensor mais forte para as ajudar a alcançar a justiça que merecem”, mas reiterou ser defensor de todas as formas de vida e não acreditar que “prejudicar outro ser inocente seja a atitude certa”. O vídeo da entrevista à KTVI-TV, no entanto, já circulava pela Internet e gerava milhares de reacções.
“Está para lá de qualquer compreensão que alguém possa ser tão ignorante quanto ao impacto físico e emocional de um trauma como a violação”, disse a senadora democrata Claire McCaskill, que está a disputar com Akin um lugar no Senado pelo estado do Missouri e que, até agora, tem ficado atrás nas sondagens. “As ideias que Todd Akin expressou sobre um crime sério como a violação são ofensivas”, adiantou, citada pela Associated Press.
Em muitas mensagens no Twitter foi contestado o facto de Akin pertencer ao Comité de Ciência do Congresso. A sua posição contra o aborto já era conhecida, e já passou mesmo por uma proposta de abolição da pílula do dia seguinte nos EUA, mas nunca tinha chegado tão longe. Terry O’Neill, presidente da Organização Nacional de Mulheres nos EUA, considerou que “esta retórica traumatiza as vítimas de violência sexual” e que “este tipo de argumentos pretende envergonhar as mulheres”.