Mais de metade dos jovens portugueses que trabalham têm contrato a prazo
Organização Internacional do Trabalho mostra que a crise está a transformar o trabalho a prazo numa opção cada vez mais popular
Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT), num relatório de Maio deste ano, mas só agora divulgado: 56% dos jovens portugueses trabalhavam com contratos a prazo, em 2011. A percentagem de jovens portugueses com contrato a prazo é superior à média europeia, que é de 42%. Nos adultos, 20% dos portugueses têm contrato a prazo, também acima da média europeia, que é de 11%.
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Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT), num relatório de Maio deste ano, mas só agora divulgado: 56% dos jovens portugueses trabalhavam com contratos a prazo, em 2011. A percentagem de jovens portugueses com contrato a prazo é superior à média europeia, que é de 42%. Nos adultos, 20% dos portugueses têm contrato a prazo, também acima da média europeia, que é de 11%.
O documento da OIT (descarregar PDF, em inglês), intitulado “Global Employment Trends for Youth 2012” (Tendências Globais de Emprego para a Juventude 2012) sugere que a crise financeira tem vindo a transformar o trabalho a prazo numa opção de último recurso.
De acordo com a OIT, a opção por trabalhos temporários entre jovens quase duplicou desde o início da crise, e este aumento tem sido particularmente visível nos países europeus mais afectados, como é o caso de Portugal.
Part-time também aumenta
“Na União Europeia constatamos que os trabalhos temporários ou os contratos a prazo são muito comuns entre os mais jovens, mais do que entre a população adulta”, refere o responsável pela Unidade de Tendências de Emprego da OIT, Ekkehard Ernst, acrescentando que os empregos em part-time entre os jovens aumentaram antes e durante a crise.
Entre o segundo trimestre de 2008 e 2011, a taxa de emprego jovem em part-time aumentou cerca de 3,6 pontos percentuais na União Europeia, ao passo que em Espanha ou na Irlanda a subida chegou a 11,8 e 20,7 pontos percentuais, respectivamente. “Em muitos países, incluindo Chipre, Dinamarca, Grécia, Hungria, Portugal e Eslovénia, o aumento durante o mesmo período ultrapassou os cinco pontos percentuais”, refere a OIT.
Trabalho temporário cresce entre jovens
É também entre os jovens que se regista o maior aumento de recurso a trabalho temporário. No segundo trimestre de 2000, 35,2% dos jovens empregados da União Europeia tinham contrato a prazo, em comparação com 8,9 por cento dos adultos, com idade entre os 25 e os 64 anos.
“Nessa altura, os jovens tinham quatro vezes mais probabilidades do que os adultos de terem um emprego a prazo. E se entre 2000 e 2008 a fatia do trabalho temporário, no global do emprego, aumentou tanto para os jovens como para os adultos, a verdade é que o aumento entre os jovens foi quase o dobro do dos adultos”, lê-se no relatório.
De acordo com a OIT, em cinco países (Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal e Eslovénia), o aumento do trabalho temporário entre os jovens foi de dez pontos percentuais.
A organização alerta que, na situação actual, é provável que os jovens olhem cada vez mais para os trabalhos temporários como a única forma de entrar no mercado de trabalho e que compitam cada vez mais ferozmente entre si para os conseguir.
Acrescenta a OIT que, nesta situação, os empregadores também irão optar pelo trabalho temporário como forma de cortar custos na empresa, principalmente em tempos de crise económica, já que dessa forma o patronato gasta menos com segurança social ou formação.
Na opinião da OIT, um dos problemas que os jovens enfrentam é a dificuldade cada vez maior em arranjar um emprego permanente, e defende que está nas mãos dos governos encontrar soluções que criem perspectivas para os mais jovens.