A residência de estudantes "18+" chegou à Bienal de Arquitectura de Veneza
Projecto 18+, do colectivo FORA, é uma residência de estudantes em Atenas onde cada morador pode abrir a parede do seu quarto, alargando o espaço colectivo
Há três anos, o colectivo de arquitectura português FORA desenhou uma residência de estudantes para um bairro de Atenas. O trabalho, designado 18+, estava integrado num projecto maior de reabilitação urbana, o KM, que vai, agora, ser apresentado na 13.ª Bienal de Arquitectura de Veneza. Assim, a obra nacional 18+ também vai marcar presença no certame.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Há três anos, o colectivo de arquitectura português FORA desenhou uma residência de estudantes para um bairro de Atenas. O trabalho, designado 18+, estava integrado num projecto maior de reabilitação urbana, o KM, que vai, agora, ser apresentado na 13.ª Bienal de Arquitectura de Veneza. Assim, a obra nacional 18+ também vai marcar presença no certame.
O colectivo de arquitectura FORA surgiu em 2009 e é composto por Raquel Oliveira, João Fagulha e João Ruivo. "Somos três arquitectos com caminhos distintos, mas cujas vidas profissionais se cruzaram", conta Raquel Oliveira, referindo que decidiram, então, criar o grupo. "Mas, normalmente, convidamos mais pessoas para colaborar connosco". Por isso, o FORA não trabalha apenas cá dentro, realizando projectos em vários países. E além do escritório em Lisboa, o colectivo também tem um estúdio em Atenas.
E foi para a capital grega que o grupo desenvolveu o 18+. Há três anos, surgiu um projecto de reabilitação do bairro central ateniense Kerameikos/Metaxourgio, que, segundo Raquel Oliveira, "está um pouco degradado". Esse projecto era o KM, no qual colaboram diversos escritórios de arquitectura, como BIG (Bjarke Ingels Group), Bow-Wow, Harry Guger e Andreas Angelidakis. O projecto incluía uma residência de estudantes e o colectivo português venceu o concurso internacional para a sua construção. "O KM procura revitalizar aquela estrutura urbana através de várias intervenções e a residência de estudantes é uma delas", afirma a responsável.
A obra nas mãos dos três arquitectos portugueses era o 18+, um edifício que deveria ter 18 quartos para 18 alunos. Foi necessário abordar a residência de um ponto de vista contemporâneo e, inspirando-se num tempo em que as redes sociais dominam, o FORA quis "valorizar a apropriação colectiva do edifício". "Ou seja, cada pessoa tem o seu quarto individual, mas esse espaço pode ser aberto para um espaço colectivo", explica Raquel Oliveira.
Cada estudante teria direito ao seu próprio andar, existindo um quarto por piso, com uma dimensão semelhante ao de um quarto de um convento, e a área de circulação do edifício seria, também, um espaço colectivo. Assim, bastaria apenas um residente abrir a parede que o separa do espaço colectivo para transformar e alargar esse mesmo espaço, possibilitando o convívio com os restantes habitantes da residência e a partilha de actividades como estudar ou cozinhar.
KM na Bienal, mas parado há dois anos
Apesar de o trabalho 18+ ter demorado seis meses para estar concretizado no papel, no terreno todo o projecto KM está suspenso há 2 anos. Raquel Oliveira conta que "devido à situação económica em geral e da Grécia em particular, o KM ficou em stand by". Com o objectivo de o reavivar, o projecto vai ser levado à Bienal de Arquitectura de Veneza. "Para apresentar todas as intervenções, das quais faz parte a nossa residência", destaca a arquitecta. Assim, no Pavilhão Grego "Made in Athens", vai ser possível ver o trabalho 18+, made in Portugal.
O tema da 13ª Bienal de Arquitectura de Veneza é "Common Ground" e o comissário desta edição é David Chipperfiled. O colectivo português ficou surpreendido, mas também satisfeito por marcar presença num evento onde, acreditam, "qualquer arquitecto deseja apresentar os seus projectos". "É um acontecimento importante na nossa vida profissional", garante a responsável do FORA, destacando, ainda, a relevância de estarem incluídos num grupo composto por arquitectos de renome.
A 13ª edição do certame decorre entre 29 de Agosto e 25 de Novembro. Quanto ao futuro do projecto KM, e em particular do trabalho 18+, Raquel Oliveira admite que a sua execução é, para já, apenas uma possibilidade. "Mas gostávamos que fosse para a frente, porque o 18+ é um projecto pelo qual temos carinho e porque estamos convictos que tem bastante qualidade", conclui.