Hospitais da Universidade de Coimbra têm o melhor serviço de cirurgia cardiotorácica
A conclusão consta no relatório de auditoria do Tribunal de Contas aos “Serviços de cirurgia cardiotorácica das unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde”, no período entre 2008 e 2010, divulgado esta quinta-feira.
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A conclusão consta no relatório de auditoria do Tribunal de Contas aos “Serviços de cirurgia cardiotorácica das unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde”, no período entre 2008 e 2010, divulgado esta quinta-feira.
O TC auditou os serviços dos Centros Hospitalares de Lisboa Central (Santa Marta), Lisboa Norte (Santa Maria), Universitário de Coimbra, e São João, no Porto. A nível nacional existem mais dois – Lisboa Ocidental e Vila Nova de Gaia/Espinho – mas não foram auditados apesar de terem sido contactados para darem informação sobre a sua actividade. Existe ainda um serviço de cirurgia torácica no Hospital Pulido Valente, inserido no Centro Hospitalar de Lisboa Norte, mas que não realiza cirurgias cardíacas e por isso não foi considerado nas análises comparativas.
Três em quatro operaram menosO serviço dos HUC – o único que funciona com um grau de autonomia “quase absoluto” – foi o que apresentou os melhores resultados em termos globais.
Face à avaliação dos indicadores da actividade cirúrgica fica evidenciado que os HUC são os que "apresentam uma melhor performance no triénio” em análise, concluíram os auditores do TC.
O relatório revela que três das quatro unidades registaram um decréscimo do número de cirurgias, com maior expressão no Lisboa Norte (-2%) e no Lisboa Central (-4%). O número de doentes operados apenas cresceu nos HUC (1%).
Para a quebra no Lisboa Central contribuiu o facto de terem sido realizados mais transplantes pulmonares, “o que inviabilizou a realização de mais cirurgias cardíacas por razões que se prendem com a ocupação das camas da unidade de cuidados intensivos e com a afectação do número de enfermeiros/dia (3) aos doentes transplantados”.
Lisboa Norte com melhor taxa de ocupaçãoAo nível do internamento, a avaliação global dos indicadores levou o TC a concluir que a unidade com melhor desempenho foi também a dos HUC na medida em que “com um número de profissionais médicos inferior às restantes unidades, apresenta os melhores resultados na relação demora média versus doentes saídos por médico”. “A conjugação destes indicadores, associada à fraca taxa de mortalidade (0,56%), demonstra uma adaptação da capacidade produtiva (resposta) face às necessidades da população e, também, a optimização dos recursos, não obstante existir ainda capacidade instalada em termos de camas de internamento”, lê-se no documento.
O serviço do Lisboa Central foi o único que registou uma diminuição do número total de doentes saídos (-3%) e dias de internamento (-6%).
A taxa de ocupação das camas de internamento apresenta valores próximos de uma plena utilização dos recursos disponíveis no período em análise no Lisboa Norte (93%) e no São João (87). No Lisboa Central ficou-se pelos 62% e nos HUC nos 64%.
São João com o melhor rácio consultas/médicoO número de consultas externas aumentou em três dos quatro serviços auditados no triénio em análise, tendo diminuído (36%) apenas no Centro Hospitalar Lisboa Norte. Já em relação às primeiras consultas, verificou-se um decréscimo em três dos quatro serviços. A excepção foi no Centro Hospitalar de Lisboa Central com um acréscimo de 6%.
O Hospital de São João é o que apresenta o melhor rácio entre o número de consultas por médico especialista (534), seguido pelo Lisboa Central (445), HUC (387) e Lisboa Norte (372).
A auditoria concluiu ainda que o Lisboa Norte e os HUC não têm listas de espera para a marcação de primeiras consultas. No São João estavam 39 doentes em espera e em Santa Marta 23, no final de 2010, o que representa, em ambos os casos, a um aumento para mais do dobro face a 2008.
O TC salienta, porém, que os tempos médios de espera para a primeira consulta são inferiores ao tempo máximo de resposta garantido.
Ao nível das cirurgias, o serviço dos HUC é o que apresenta a lista mais reduzida com apenas dois doentes em lista de espera no final de 2010, menos oito do que em 2008. O Santa Maria tinha apenas três (menos 63% do que no início do triénio).
O relatório indica que se registou uma redução do número de doentes em três das quatro unidades, tendo apenas aumentado no Lisboa Central. “Este aumento é, no entanto, pouco relevante, uma vez que foi acompanhado da redução da mediana do tempo de espera desses doentes de 109 para 95 dias”, referem os auditores do TC.
O São João, com 221, era o que apresentava o número mais elevado de doentes em lista de espera, seguido pelo Lisboa Central (186).
O TC concluiu ainda que as taxas de cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos se aproximam dos 100% em todas as unidades analisadas, sendo que nos HUC foi o único que conseguiu cumprir estes tempos em todas as intervenções cirúrgicas realizadas.