Portugueses vencem Open Architecture Challenge e vão à Bienal de Veneza

O projecto português, intitulado OCO - Ocean & Coastline Observatory, propõe a recuperação das baterias antiaéreas instaladas na década de 1940, na costa do concelho de Almada

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A equipa de arquitectos portugueses, liderada por João Segurado, venceu o concurso Architecture for Humanity’s Open Challenge, e apresentará o projecto vencedor na Bienal de Arquitetura de Veneza, que começa no próximo dia 27.

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A equipa de arquitectos portugueses, liderada por João Segurado, venceu o concurso Architecture for Humanity’s Open Challenge, e apresentará o projecto vencedor na Bienal de Arquitetura de Veneza, que começa no próximo dia 27.

O concurso, organizado pela Architecture for Humanity, desenvolveu-se este ano sob o mote da recuperação de espaços militares desativados, em prol de uma nova utilização de cariz cívico, social, económico ou ambiental. O projecto português foi escolhido por um júri composto por 33 profissionais, com base em cinco critérios: impacto comunitário, apropriação contextual, pegada ecológica, viabilidade económica e qualidade de design. Candidataram-se 510 equipas de 74 países, das quais 13 chegaram à fase final, e irão estar também presentes em Veneza.

O projecto português, intitulado OCO - Ocean & Coastline Observatory, propõe a recuperação das baterias antiaéreas instaladas na década de 1940, na costa do concelho de Almada, nomeadamente entre a Trafaria e a Costa de Caparica, explicou à Lusa Manuel Espada, um dos elementos da equipa liderada por João Segurado.

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A equipa foi constituída pelos arquitectos João Figueiredo, Mauro Jerónimo, José Pereira, Filipe Freitas e Luís Sezões, além de Manuel Espada, e chefiada por João Segurado. O prémio tem o valor pecuniário de 2000 euros e variado material de arquitectura, além da possibilidade de apresentar o projecto na Bienal de Arquitetura de Veneza, o que acontecerá logo no dia da inauguração. "É para nós o maior prémio”, disse à Lusa Espada.

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Bateria da Raposeira

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Manuel Espada afirmou que o projecto apresentado visa a reconversão das antigas baterias em centros de observação da orla costeira, de apoio às pescas e aos desportos, assim como a observação da fauna e do comportamento ambiental. Relativamente à 5.ª bateria da Trafaria, conhecida por Bateria da Raposeira, localizada no estuário do rio Tejo, na margem oposta a Lisboa, “chegámos à conclusão que o programa cívico proposto, que viria a substituir o militar, devia manter a anterior vocação do edifício, situado no topo de uma colina, virado para o mar, para a defesa da costa, agora com um carácter cívico, de preservação e sustentabilidade”, explicou o arquitecto.

“A antiga bateria do Regimento de Artilharia de Costa poderá vir a hospedar o Observatório da Costa e Oceano [OCO]”, acrescentou Espada, que adiantou estarem agora a procurar sensibilizar as autarquias locais e o Exército Português. O OCO poderá “ser um lugar para supervisionar o desenvolvimento sustentável da preservação da costa, um lugar onde diferentes comunidades da população podem conhecer e partilhar as suas preocupações, planos e ambições para o litoral”, adiantou.

As baterias foram instaladas nas costas próximas de Lisboa, durante a II Grande Guerra Mundial, com o objectivo de proteger a capital.