Por que é que Paredes de Coura é o melhor festival em Portugal

Quem vai, adora. Os que não vão, confessam que sempre tiveram o bichinho. Mas será que sou só eu que tenho dificuldade em explicar o que faz deste festival o melhor do país?

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Não são óbvios os motivos que levam milhares e milhares de pessoas a Paredes De Coura todos os anos, sobretudo para quem gosta de ir a festivais pelos motivos mais recorrentes — praia e calor. Quando perguntam se há costa perto, a resposta é não. Quando perguntam se a água do rio Coura tem uma temperatura aceitável ou já é própria para banhos, acabamos sempre por responder nim. E se finalmente indagam-se sobre o que se pode fazer durante o dia, o mais provável é ficarmos engasgados ao relembrar as ocasionais sestas que se fazem à sombra do Centro Cultural. Como se explica, então, a vontade incessante de voltar a um sítio que tem um micro-clima totalmente bipolar, que se marimba para o facto de estarmos em pleno Agosto e que tanto nos dá um sol esplendoroso como uma chuva ininterrupta? O que faz de Paredes de Coura tão especial?

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Não são óbvios os motivos que levam milhares e milhares de pessoas a Paredes De Coura todos os anos, sobretudo para quem gosta de ir a festivais pelos motivos mais recorrentes — praia e calor. Quando perguntam se há costa perto, a resposta é não. Quando perguntam se a água do rio Coura tem uma temperatura aceitável ou já é própria para banhos, acabamos sempre por responder nim. E se finalmente indagam-se sobre o que se pode fazer durante o dia, o mais provável é ficarmos engasgados ao relembrar as ocasionais sestas que se fazem à sombra do Centro Cultural. Como se explica, então, a vontade incessante de voltar a um sítio que tem um micro-clima totalmente bipolar, que se marimba para o facto de estarmos em pleno Agosto e que tanto nos dá um sol esplendoroso como uma chuva ininterrupta? O que faz de Paredes de Coura tão especial?

Paredes de Coura é o rio Coura, que banha o campismo e que se envolve por entre a natureza de uma forma assustadoramente bonita. É a vila que está logo ali, com a sua vasta oferta de restaurantes, prontos-a-comer, cafés e afins. São as festas da terra, que presenteiam os festivaleiros mais madrugadores com as maiores sensações da música popular do Minho, ao ritmo de uns bons copos de bagaço. São as inúmeras sombras que albergam os mais resistentes da noite passada, numa tranquila e descansada sorna. Ou os repuxos, que fazem as delícias dos mais acalorados, ainda que nunca ninguém saiba quão limpa está aquela água. E claro, aquele anfiteatro natural que permite ver todo e qualquer concerto sentado, de cerveja numa mão e um farto hambúrguer na outra.

Mas sendo que se trata de concertos, faz sentido sublinhar a importância que tem tido o festival no panorama musical em Portugal. Se o Optimus Alive trouxe Snow Patrol e The Kills ao Passeio Marítimo de Algés há um mês, já Paredes de Coura o tinha feito em 2004. Se o Sudoeste trouxe os The Roots este ano ao Sudoeste, já eles lá estavam no distante ano de 2005 ainda sem pompa nem circunstância, a tocar logo a seguir a uns prometedores Arcade Fire, nome grande do Super Bock Super Rock do ano passado. E por que não relembrar o distante ano de 2006, em que os Justice e os Digitalism andavam discretos pelo palco "after-hours" ou o de 2009 onde os The Horrors e os The Temper Trap visitavam o palco principal ao final da tarde.

Com isto em mente, olhem para o cartaz deste ano — se tivesse que apostar, diria que daqui a uns anos vamos estar a falar muito dos tUnE-yArDs, dos Friends e do produtor Totally Enormous Extinct Dinosaurs.

Vão por mim — vocês até podem ser felizes. Mas vão ser muito mais depois de terem ido ao melhor festival em Portugal.

Artigo corrigido às 21h11. Na Praia Fluvial do Tabuão encontra-se o rio Coura e não o rio Tabuão.