Júri e críticos de Locarno elogiam A Última Vez que Vi Macau
Para além deste reconhecimento oficial do colectivo presidido por Apichatpong Weerasethakul, a dupla recebeu ainda o Bocallino de Ouro na categoria de Melhor Realização, um prémio criado em 2000 e atribuído pelos jornalistas e críticos presentes no festival suíço.
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Para além deste reconhecimento oficial do colectivo presidido por Apichatpong Weerasethakul, a dupla recebeu ainda o Bocallino de Ouro na categoria de Melhor Realização, um prémio criado em 2000 e atribuído pelos jornalistas e críticos presentes no festival suíço.
A Última Vez que Vi Macau, que irá abrir, no dia 18 de Outubro, a décima edição do DocLisboa, conta a história de um homem que recebe em Lisboa um e-mail de uma amiga que não via há anos, Candy, que lhe pede que vá ter com ela a Macau, onde estão a acontecer coisas estranhas e assustadoras. Ele próprio vivera em Macau há muitos anos e ali passara os melhores tempos da sua vida, de modo que esta viagem é também um regresso às suas próprias memórias.
Para o papel de Candy, a dupla de realizadores escolheu a actriz e performer Cindy Crash, que já trabalhara com João Pedro Rodrigues no filme Morrer como Um Homem, de 2009. Numa entrevista ao DN, os autores de A Última Vez que Vi Macau assumem que o nome da protagonista alude deliberadamente à célebre actriz transexual dos filmes de Andy Warhol, Candy Darling (1944-1974), que foi também uma das musas da banda Velvet Underground.
Memória e ficçãoTal como o protagonista do filme, também João Rui Guerra da Mata deixou Macau há 30 anos e nunca mais lá tinha voltado antes de resolver avançar com este projecto, que começou por ser pensado como um documentário. Os dois cineastas trouxeram 150 horas de material filmado e acabaram por decidir fazer uma longa-metragem de ficção com enredo criminal que presta homenagem ao clássico Macao (1952), de Joseph von Sternberg, com Robert Mitchum e Jane Russell. Na referida entrevista, Guerra da Mata conta que num dos primeiros planos da obra de Von Sternberg aparece um palacete numa colina, "hoje tapado pelos prédios modernos", que é a casa onde ele próprio viveu em Macau, o que pode funcionar como símbolo do modo como este filme cruza memórias do cinema e recordações pessoais.
Além de A Última Vez que Vi Macau, que teve a sua estreia mundial em Locarno, o festival suíço exibiu uma curta-metragem de João Rui Guerra da Mata, O que Arde Cura, que recebeu o prémio Legendagem de Filme e Vídeo, galardão que assegura a legendagem do filme em três línguas europeias. Na secção de curtas-metragens passou ainda um terceiro filme português, Zwazo, de Gabriel Abrantes.
O prémio especial do júri de Locarno foi atribuído a Somebody Up There Likes Me, do norte-americano Bob Byington, e o chinês Ying Liang recebeu o Leopardo, prémio para a melhor realização, pelo seu filme When Night Falls. O mesmo filme conseguiu ainda o prémio para a melhor actriz, atribuído a Na Nai. Já o prémio para o melhor actor foi entregue a Walter Saabel, pela sua interpretação no filme austríaco Der Glanz der Tages [O Brilho do Dia], de Tizza Covi e Rainer Frimmel. O filme Ape valeu ainda a Joel Potrykus (Estados Unidos) o prémio para o melhor realizador emergente.
Notícia substituída às 13h01 de 13/08/12